Histórico

Excesso de força na fronteira

Oficiais são acusados de usar violência contra imigrantes que tentam entrar ilegalmente no país

O cônsul geral do México em El Paso, no Texas, expressou sua preocupação com o uso de força excessiva pelos oficiais da Patrulha da Fronteira (Border Patrol) e lamentou a decisão de um tribunal especializado em não aceitar a acusação contra um dos agentes que matou um mexicano. O diplomata Roberto Rodríguez Hernández fez referência ao caso da morte de Alejandro Ortiz Castillo, que levou vários tiros quando tentava entrar nos Estados Unidos. “O fato é preocupante, em especial porque a força é utilizada em casos que oferecem perigo de vida aos agentes”, afirmou Hernández.

O caso aconteceu no ano passado, quando Alejandro tentava atravessar a fronteira entre México e os EUA com outras três pessoas indocumentadas. Naquela ocasião, a corporação divulgou um boletim de ocorrência descrevendo que o mexicano resistiu à ordem de prisão e ainda apanhou uma pedra para se defender da aproximação do policial, que disparou vários tiros contra Alejandro.

Ameaçado

O jovem, de 23 anos, mesmo ferido, conseguiu retornar ao território mexicano e morreu às margens do Rio Bravo. A corte federal de El Paso, porém, decidiu não aceitar as acusações contra o agente e ele segue em liberdade. “O policial se sentiu ameaçado pela ação do traficante de pessoas”, justificou o porta-voz da Patrulha da Fronteira, Douglas Mosier. Foi divulgado também que Alejandro já havia cruzado diversas vezes a fronteira entre os dois países e em 2004 recebeu uma ordem fomal de deportação
.
O caso não foi o primeiro. Em 2003, outro mexicano, Juan Patricio Peraza, também foi morto a tiros por agentes da fronteira. Segundo informações, o imigrante carregava um objeto de metal nas mãos, como se fosse uma arma. A família da vítima, de 19 anos, chegou a recorrer na Justiça uma reparação por parte do governo norte-americano, mas um juiz se negou a aplicar uma sentença favorável à compensação financeira.

“O assassinato de Alejandro constitui um segundo caso que caracteriza um excesso de força dos policiais da fronteira contra imigrantes e, mais uma vez, não consideramos apropriada a decisão adotada pelo grande júri”, disse o cônsul. Ele não descarta a possibilidade de que a família do mexicano, a exemplo do que fizeram os parentes de Peraza, entrem com uma ação na Justiça contra o agente.

Sentenças desfavoráveis

Mas nem sempre as sentenças foram favoráveis aos policiais. Em 2005, dois policiais – Ignacio Ramos e José Campeano – foram condenados, respectivamente, a 10 e 11 anos de prisão pelos disparos feitos contra o imigrante Osvaldo Alderete Dávila. Na época, os dois agentes ocultaram evidências do caso e sequer informaram do acontecimento aos seus supervisores. A condenação foi determinada pela juiz federal Kathleen Cardone.

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