Histórico

Família brasileira ganha salvo-conduto imigratório

Depois de quase ter sido deportado, Genario Vitória já se livrou até mesmo da tornozeleira eletrônica

Sete meses após o AcheiUSA ter denunciado a injustiça que foi a prisão do mineiro Genario Vitória, ele pode finalmente celebrar a boa notícia: esta semana tirou a tornozeleira de monitoramento eletrônico e está livre.

Quer dizer, está agora nas mãos do Brazilian American Democratic Club (BAD), que encampou a luta de Genario e sua família, formada pela esposa Osilene Teixeira e pelos filhos Ruggere, de cinco anos, Gesilene, de quatro anos, e Giovanna, de quase dois meses. Diante disto, Robin Blanchard, vice-presidente do clube, garantiu que já está sendo providenciada uma carta de proteção para toda a família, “com prazo ilimitado”, conforme frisou a americana, que na prática serve como uma espécie de salvo-conduto para permanecer no país.

Para quem não sabe, Genario Vitória foi detido por um policial numa batida de trânsito em Davie. O detalhe é que ele não estava dirigindo o carrro, mas, sim, viajando no banco do passageiro. O motorista tinha os documentos em ordem, mas o policial exorbitou de suas funções e deteve o mineiro por causa de seu perfil racial.

Ele viveu, então, um inferno e esteve a ponto de ser deportado. Do lado de fora, a esposa, grávida da menina mais nova, ainda tinha de cuidar das duas crianças, que têm necessidades especiais: o menino é autista e a menina sofre de albinismo. Para piorar a situação, Giovanna nasceu prematuramente por causa do stress de Osilene com a situação do marido.

Osilene pede ajuda

Depois de ter sido libertado da prisão da imigração em Broward, Genario procurou o advogado Edward Cienfuegos. Apesar da assistência jurídica, Osilene leu no AcheiUSA sobre outro casal brasileiro (Maguinaldo Fernandes da Silva e Alessandra Sousa) que recebeu ajuda do pessoal do BAD.

Os membros do clube decidiram lutar pela família, que conta com três crianças nascidas nos Estados Unidos. “Ruggere ainda hoje fica assustado com a presença de policiais, com medo de que peguem seu pai novamente”, contou Robin com tristeza na casa de Genario em Boca Raton.

Genario deixou sua casa em Pompano Beach e se mudou para Boca Raton porque a família não conseguia mais pagar aluguel, uma vez que o cabeça da família estava preso. O brasileiro fez questão de destacar a compreensão do dono do imóvel, que permitiu à família ficar morando sem pagar aluguel até que a situação fosse resolvida. “O americano foi muito gente boa”, agradeceu Genario. Agora, ele e a esposa estão tentando encontrar vagas para as crianças em escolas especiais no condado de Palm Beach, onde estão vivendo há cinco meses.

Robin Blanchard fez questão de acompanhar o brasileiro à sede do ISAP (Information Security Automation Program) em Delray Beach. Ela, porém, não foi bem recebida e tentaram impedir sua entrada. “Ouvi os oficiais falando com ele em espanhol e disse que ele não entende espanhol, porque o idioma dele é português”, afirmou a vice-presidente do BAD Club.

Boas novas para os imigrantes

Hugo Mendez, vice-presidente executivo do BAD Club, trouxe uma boa notícia para os imigrantes. Ele acabara de ser informado por sua assistente que o deputado federal Ted Deutch (democrata que representa North Broward e Boca Raton) havia conseguido um canal na Casa Branca que pode ajudá-lo a a trabalhar em casos de ajuste de status. Embora consciente de que os parlamentares republicanos não apoiarão nenhuma medida a favor dos imigrantes, Mendez garante: “Temos 92% de apoio dos integrantes latinos da classe média, por isto precisamos mostrar exemplos de pessoas reais que estão sofrendo com a imigração, como é o caso desta família de brasileiros”.

Obviamente, ele não vê outra alternativa a não ser uma mudança no sistema legal e na imigração para que o país possa fazer a justiça social. “O Congresso precisa ver os rostos das pessoas para entender a situação”, enfatizou Mendez.

Também em nível estadual, há um senador trabalhando no parlamento em Tallahassee para apresentar um projeto de lei que favorece os imigrantes que estão vivendo sem papéis nos Estados Unidos. “Portanto, é muito importante que as comunidades hispânica e brasileira se unam para fazer pressão pela aprovação deste tipo de medida”, cobrou Mendez.

Sobre o descumprimento das ordens emitidas pelos diretores do Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês), Clarence Shahid Freeman, tesoureiro do BAD Club, foi direto: “O problema é que instituições como o ICE possuem muitos elementos ligados aos republicanos e ao Tea Party. Assim, eles desconsideram as ordens superiores e tomam decisões que contrariam as determinações do governo federal”.

Agora, com o apoio desta “brigada de choque”, Genario e Osilene estão mais tranquilos, até porque eles são pais de três crianças americanas, que necessitam de cuidados especiais. E, para felicidade deles e regozijo do BAD Club, subiu bastante a popularidade de Barack Obama. Tanto que na pesquisa mais recente ele bateria qualquer um dos adversários.
Quem quiser contatar o BAD Club pode acessar www.badclub.org, ou ligar para (561) 479-7557.

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