Histórico

Família de brasileiro clama por justiça

Acusado de ter abusado sexualmente dos filhos, Ricardo Costa teve fiança fixada em 75 milhões de dólares

Muitos detalhes chamam a atenção no processo judicial do brasileiro Ricardo Costa, acusado pela ex-mulher de ter abusado sexualmente dos próprios filhos. Primeiro, o valor estipulado para a fiança: 75 milhões de dólares, o maior já fixado pela justiça americana e 25 vezes mais alto do que o pago pelo cantor Michael Jackson em 2004, pelo mesmo crime; além disso, Ricardo está preso há mais de 830 dias numa cadeia do estado do Arizona sem ter sido julgado, o que contraria o direito constitucional (emenda número 6) de um julgamento rápido. A família do brasileiro já recorreu ao governo brasileiro para ajudá-los a resolver a situação.

“Só queremos que a juíza marque o julgamento para que o Ricardo possa se defender das acusações. Ele é inocente e vai provar isso à Justiça”, disse o pai do acusado, Sérgio de Souza Costa, acusando as autoridades do Arizona de racismo pelo fato de o filho ser imigrante. A mãe, Rosa Cristina Costa, acusa a ex-nora, a americana Angela Martin, de ter montado toda a farsa que acabou levando o brasileiro para atrás das grades.

O drama de Ricardo começou logo após o Natal de 2008, quando a mulher o acusou de ter abusado dos três filhos do casal ” então com idades entre 5 e 12 anos ” em meio ao divórcio depois de quase 20 anos de união. As crianças chegaram a gravar depoimentos contando os supostos abusos, mas os advogados de defesa do brasileiro alegam que tais provas não são substanciais e não foram obtidas da forma legal. Ao ser detido, Ricardo recusou-se a passar pelo detector de mentiras e, desde então, já participou de mais de uma dezena de audiências, porque o caso passou pela mão de vários juízes ” mas a data do julgamento ainda não definida.

O principal argumento da família do brasileiro é que o laudo que de avaliação das condições psicológicas das crianças foi assinado por uma profissional que até já perdeu a licença para exercer o ofício, por suspeitas de fraudes. Por sua vez, Ricardo preferiu recusar os acordos propostos pela promotoria de assumir a culpa e ganhar a liberdade imediatamente. “Se eu assinar essa confissão eu jamais poderia provar a verdade aos meus filhos, pois provavelmente jamais poderia vê-los novamente”, afirmou ele em entrevista.
Caso ganha grande destaque na mídia

A situação de Ricardo Costa ganhou destaque em jornais americanos em virtude da fiança astronômica estipulada pela magistrada Tina Ainley e da demora excessiva no julgamento do caso. “O julgamento pode ser protelado, mas jamais por mais de dois anos”, afirmou Charles Ogletree, professor de Direito Penal da Universidade Harvard. Na maioria dos estados, inclusive no Arizona, o prazo máximo é de 150 dias após a detenção.

Com relação à fiança, Ogletree lembra que a oitava emenda da Constituição americana prevê que a Justiça não deve estipular valores excessivos, impossíveis de serem pagos pelo acusado. “A fiança é um mecanismo para libertar o indivíduo disposto a colaborar com a Justiça, não para garantir que ele continue preso”, esclareceu.

O assunto também tem mexido com a comunidade brasileira. Vários e-mails chegaram à redação do AcheiUSA abordando o tema ” a maioria apoiando o brasileiro. “O caso merece um julgamento justo e a atenção internacional. É uma denúncia sem provas”, afirma o leitor Marcelo Colusso. Do mesmo modo, Jéssica Guedes lamentou que os brasileiros sejam vítimas do preconceito nos Estados Unidos. “Não adianta, mesmo tendo green card jamais seremos cidadãos neste país”, disse a brasileira.

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