Antonio Tozzi
O teclado sempre foi o grande companheiro de viagem de Maria de Fátima Giovannini Junho. Desde os quatro anos de idade, ela começou a tocar as primeiras notas em sua cidade natal, São Gonçalo de Sapucaí, no Sul de Minas Gerais. Aliás, não só ela, como também seus irmãos (no total, são quatro irmãos). Um deles, Dionísio, toca como o famoso César Camargo Mariano.
Tanto Fátima como Dionísio foram aperfeiçoar seus estudos no Conservatório Musical de Pouso Alegre, também no Sul de Minas Gerais, quando adolescentes. Lá, porém, era preciso concentrar-se nos clássicos para desenvolver suas aptidões: “Fiz quatro anos de piano clássico, mas queria tocar música popular. Aí, era um conflito para mim. Quando começava a tirar uma música de ouvido, minha professora me dava um tapa na mão. Porque, para tocar clássicos, é preciso saber ler a partitura”, explica Fátima, ressaltando que o ideal é saber as duas alternativas: “Se a pessoa sabe o ritmo, é possível tirar a música de ouvido. Porém, é bom saber ler a partitura, porque o instrumentista pode tocar qualquer canção”.
A música sempre esteve presente na vida da tecladista. Depois de ter concluído o curso de teoria musical e piano, Fátima formou-se em Educação Artística e deu aula de música durante três anos e meio para crianças que queriam iniciar-se na arte musical.
Primeira parada: São Paulo – Como várias pessoas do Brasil, Fátima decidiu tentar a sorte em São Paulo – a maior cidade da América do Sul. Lá, dividia seu tempo trabalhando no departamento de Importação do Banco Real e tocando na vida norturna de Rio Claro, cidade do interior paulista.
Logo, o talento da tecladista mineira foi reconhecido e ela passou a tocar no circuito dos bares noturnos da capital paulista. Fátima mostrava sua arte nos bares da Vila Madalena, Vila Mariana, e em Pinheiros, onde fica a famosa rua Henrique Schaumann, ponto de encontro dos boêmios e do pessoal que curte música ao vivo.
Sua ligação com São Paulo foi tão grande que ela foi sócia do “Quatro por Acaso”, um bar na avenida Santo Amaro (zona sul paulistana), com mais três amigos. Foi um período bem legal da vida de Fátima, onde era uma das proprietárias e também se apresentava no bar. “Fiz alguns shows com Jane Duboc, Maria Alcina, Tetê Espíndola e outros artistas. No entanto, com a crise que se abateu sobre o país, as despesas do bar foram ficando cada vez maiores e o faturamento não dava para cobrir as despesas e garantir uma boa retirada para todos nós. Daí, radicalizei e saí do país”, conta.
Segunda parada: Holanda – Desanimada com o faturamento do bar, Fátima resolveu aceitar o convite de uma cliente e amiga para ir morar na Holanda. “Depois de 17 anos de São Paulo, achei que era o momento de viver no Exterior. Além do mais, moraria numa casa junto com esta amiga na casa de uma família de holandeses, onde precisávamos tomar conta de um senhor idoso”, diz a tecladista.
Com muitos sonhos e curiosidade, Fátima Giovaninni desembarcou na Holanda e foi morar em Ardenhaut, uma cidade perto de Amsterdam, capital do país. Ela adorou o país e principalmente o povo holandês, “educado, limpo, honesto e que gosta muito de brasileiros”.
Bem, ela mudou de país mas não deixou a música de lado.
Periodicamente, tocava em bares e restaurantes holandeses. O repertório variava de música popular brasileira, bossa nova, música americana e até mesmo holandesa. No entanto, Fátima admite que não sabe falar holandês, aliás, nem mesmo quis aprender o idioma.
“Como todo mundo fala inglês por lá, não tive problemas de comunicação”, conta.
Entretanto nem mesmo a simpatia dos holandeses, o carinho das pessoas com quem morava e a beleza dos campos multicoloridos de tulipas foram suficiente para aplacar a tristeza que o clima frio da Holanda (nove meses com céu acinzentado) provocava em sua alma. Assim, após ter conhecido toda a Europa, sentiu a vontade de se mudar novamente.
Terceira parada: Flórida – Em busca do sol, Fátima veio para a Flórida há cinco anos. Aqui, logo se enturmou na comunidade brasileira e começou a tocar teclado para acompanhar artistas como Silene Torres, Cristiane Vicentini e Julinho Spicacci, com quem se apresentava no Feijão com Arroz.
Ela também integra a banda de Paulo Gualano sempre que possível. Já andou viajando pelo país junto com Gualano e sua trupe. “Acho bem legal trabalhar com o Gualano, mas nem sempre é possível participar, porque muitas vezes o convite vem em cima da hora e não posso desmarcar meus compromissos”, diz.
Hoje, com 26 anos de carreira, ela vem mostrando sua arte, juntamente com Ítalo Ayala, no restaurante Oba Oba. Eles formam uma dupla bem afinada, animando os freqüentadores do restaurante de Deerfield Beach. Foi Fátima, inclusive, quem ensaiou com os participantes do Concurso Fama para acompanhar os candidatos. Fez papel de banda e maestra.
A demonstrar sua versatilidade, Fátima toca regularmente também no De Salvo’s, restaurante italiano, em Fort Lauderdale.
Agora, está finalizando um CD, com ênfase em música suave, “ao estilo Rick Wakeman”, conforme destaca a tecladista. “Quero fazer um disco que leve as pessoas a sonhar e enlevar-se com a música”, revela Fátima.
Com o talento e a dedicação de Fátima, os brasileiros já estão aguardando ansiosos seu primeiro trabalho individual gravado.