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Favelas do Rio de Janeiro estão sendo mapeadas por Google e Microsoft

Antes ignoradas por sistemas de busca, objetivo da inserção é atrair novos usuários

DA REDAÇÃO COM WALL STREET JOURNAL

Favelas do Rio de Janeiro estão sendo mapeadas por Google e MicrosoftPor décadas, as favelas, que abrigam quase 25% da população do Rio de Janeiro, não existiam nos mapas. As autoridades consideravam os assentamentos informais uma aberração perigosa e se recusavam a enviar cartógrafos ou registrar endereços oficiais. Então, moradores frustrados começaram a mapear a comunidade por conta própria, na esperança de pressionar as autoridades para fornecer mais serviços públicos.

Agora, essas iniciativas estão sendo alavancadas por duas das maiores empresas de tecnologia do mundo: Google e Microsoft.
Dependendo basicamente dos grupos comunitários, as empresas planejam mapear tudo, dos becos estreitos e retorcidos até as vendinhas mais modestas.

“O poder de colocar `as favelas` no mapa e dar a elas uma presença on-line é realmente importante para abri-las e integrá-las à cidade”, diz Esteban Walther, diretor de marketing do Google para a América Latina.

É também algo potencialmente lucrativo. De fato, alguns grupos locais se queixam que as empresas estão se aproveitando de seus esforços, usando sua base de dados de empresas locais na expectativa de obter lucro.
O que está claro é que as favelas do Brasil, antes associadas principalmente a altos índices de criminalidade, agora representam uma oportunidade econômica.

Nos últimos dez anos, programas sociais e o boom das commodities tiraram dezenas de milhões de brasileiros da pobreza. Mais de 85% dos cerca de 1,5 milhão de pessoas que moram em favelas na cidade do Rio de Janeiro agora têm celulares, e mais da metade usa a internet regularmente, segundo o Google.

“Muitas empresas estão fazendo isso porque sabem que eles `os moradores das favelas` são clientes e não estão mais excluídos do sistema econômico do Brasil”, diz Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade, do Rio de Janeiro. “É um bom negócio mapear favelas.”

No Rio, a Microsoft está trabalhando com organizações locais e autoridades municipais para mapear duas favelas — Vidigal e Maré —, segundo Lúcio Tinoco, responsável pelo Bing, o motor de busca da Microsoft, no Brasil.

Smartphones em punho, membros da equipe e voluntários de grupos comunitários locais andam pelas ruas da favela, entrando em pontos de interesse — escolas, lojas, padarias — e fornecendo as coordenadas a um banco de dados do Bing.

Tinoco diz que a empresa quer preencher os “buracos negros” com que os usuários de celulares se deparam quando procuram algo nessas localidades. O projeto é bom para os residentes e para os resultados da Microsoft, diz ele. “Trazendo mais usuários on-line, claro que teremos mais anúncios.”

A Microsoft planeja mapear cerca de 40 favelas no Rio até o fim do ano e quer expandir o projeto para outros países em desenvolvimento. O projeto do Google é parecido. Ele está trabalhando em três favelas — Rocinha, Caju e Vidigal — em grande parte com a organização sem fins lucrativos AfroReggae. Usando seus smartphones, voluntários locais empregam o aplicativo do Google MapMaker para fotografar e registrar a localização de empresas.

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