Acusações incluem choques nas genitálias de um prisioneiro a mando de seu pai
Roy M. Belfast Junior, filho do ex-presidente da Libéria Charles Taylor, foi acusado nos Estados Unidos de supostos atos de tortura, informou nesta quinta-feira a Procuradoria Federal do distrito sul da Flórida.
Conhecido também como Charles Taylor II, ele enfrenta acusações de tortura, formação de quadrilha para torturar e de usar uma arma durante um crime violento. Ele está sob custódia federal em Miami, onde já havia sido detido por mentir em sua solicitação de passaporte americano.
O filho de Taylor é acusado agora de participar da tortura de uma pessoa em julho de 2002, em Monróvia, quando supostamente estava ao serviço do governo de seu pai, de acordo com os documentos apresentados a um tribunal.
A vítima teria sido seqüestrada em sua casa e levada a vários lugares antes de chegar à residência do então presidente liberiano, para ser submetida a um interrogatório supostamente presenciado por “Charles Taylor II”.
Na casa de outro suposto conspirador, um integrante do Serviço de Segurança Especial Liberiano, o acusado e outros teriam torturado a vítima, usando um ferro quente e água fervendo, que o torturado teria sido obrigado a guardar nas mãos.
As acusações incluem choques nas genitálias e outras partes do corpo. O acusado, que tem 29 anos e nasceu em Boston, foi detido dia 30 de março, quando chegou ao Aeroporto Internacional de Miami, vindo de Trinidad e Tobago. Na sua solicitação do passaporte, em 1986, ele havia dito que seu pai era Roy Belfast, na verdade seu ex-padrasto.
Aparentemente, “Charles II” mentiu de novo em março, quando renovou o passaporte no consulado americano em Trinidad e Tobago, ao dizer que seu pai era um homem chamado Steven Daniel Smith, da ilha de San Vicente. Em setembro, ele se declarou culpado e sua sentença deverá ser anunciada nesta sexta-feira.
Segundo os EUA, o acusado foi chefe da Unidade Antiterrorista da Libéria de 1997 ao 2003, quando seu pai era presidente. O filho de Taylor era responsável pelo treinamento dos soldados da unidade, que se encarregava da segurança do presidente. Durante esse período, o Departamento de Estado americano recebeu denúncias de assassinatos, torturas e violações de civis por parte da unidade de elite.