Órgão, no entanto, elogia ajustes que estão sendo feitos no país e diz que é preciso continuar com os esforços para conter reconquistar a confiança na política econômica
DA REDAÇÃO (com UOL) – Em relatório divulgado na quarta-feira (29), o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma que o Brasil enfrenta a maior desaceleração econômica em mais de duas décadas. O fundo projeta uma queda de até 1% na economia brasileira neste ano, seguida por uma recuperação em 2016, com crescimento estimado em 1%.
O órgão, no entanto, elogia os ajustes que estão sendo feitos no país, e diz que é preciso continuar com os recentes esforços para conter um aumento da dívida pública e reconquistar a confiança na política econômica.
O FMI diz que é inevitável o ajuste das contas públicas brasileiras, mesmo num momento de desaceleração da atividade econômica. O elevado deficit público faz com que o governo tenha pouca opção além de promover um aperto fiscal, diz o FMI, que tem elogiado o programa de ajuste comandado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Na América Latina, as decisões de políticas fiscal atuais não podem levar em conta apenas o que seria desejável de um ponto de vista cíclico, pois é preciso considerar a sustentabilidade da dívida, afirma a instituição.
O cenário atual no Brasil é marcado pelo baixo investimento do setor privado e pela queda da confiança do consumidor, diz o FMI.
O aperto da política fiscal do governo e o aumento dos juros também contribuem para a fraqueza da economia no curto prazo, mas essas medidas são fundamentais para conter a alta da dívida pública e reconstruir a confiança do mercado.
Incerteza elevada
Segundo relatório divulgado na quarta-feira, o investimento privado continua um importante freio à atividade econômica no Brasil. Para o fundo, o investimento é afetado por problemas de competitividade existentes há muito tempo, além de piores termos de troca (a relação entre preços de exportação e de importação) e de uma incerteza elevada, devido ao impacto da investigação da Petrobras e ao efeito da seca prolongada sobre a oferta de energia.
A temporada de vacas magras já é admitida até por representates do governo Dilma. Na quarta-feira (29), o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, afirmou audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado que “várias obras no país vão parar” e que ele “não pode esconder o que está acontecendo no ministério”.
Segundo ele, o ministério ainda não tem previsão de quanto poderá investir neste ano, o que atrapalha o desenvolvimento dos projetos de infraestrutura. “Eu nunca esperava chegar no início de maio sem saber quais recursos teríamos”, disse, de acordo com a Folha de S.Paulo.
Logo ao iniciar sua participação, Rodrigues se desculpou com os senadores e disse que era muito complicado comentar o investimento em obras neste momento e chegou a brincar que era preciso sensibilizar o ministro Joaquim Levy (Fazenda). “Vou receber várias reclamações dos senhores de “parou a obra tal” e vai parar sim. Assusta receber um telefonema dizendo “ou você paga hoje ou eu paro a obra” e eu não tenho `dinheiro para pagar`”, afirmou.
Depois do desabafo, os senadores riram e perguntaram se, então, seria o caso de encerrar a audiência, já que não seria possível fazer nenhuma nova pergunta. “Não acabou. Estou à disposição. Quando eu souber quanto tenho de recursos e as prioridades eu posso voltar aqui e dizer”, disse.