Histórico

Giannina Coppiano Dwin

Rainha da arte interativa

Ela é uma mulher multinacional. Equatoriana, casada com brasileiro, descendente de italianos e mãe de duas moças americanas. Sua arte também é universal. Giannina Coppiano Dwin realiza uma arte interativa com materiais pouco ortodoxos, como farinha, açúcar ou manteiga. Mais do que seduzir, sua arte é interativa, com as pessoas modificando seus trabalhos com um sopro, um pisão ou um passar de mão. “A beleza é efêmera tal como nossa vida é efêmera”, qualifica a artista plástica.

Em virtude da escolha destes materiais para compor suas criações, Giannina não pode comercializar suas obras de arte. “Meu trabalho não rende dinheiro”, brinca a artista. Por isto, foi muito justa a premiação recebida este ano do South Florida Cultural Consortium, onde ela figura como um dos quatro artistas do condado de Broward premiados. Ela recebeu uma premiação de $ 7,500, mas o que mais lhe deu orgulho foi ter tido seu trabalho reconhecido por uma comissão de especialistas de caráter nacional. “Parte da verba veio do National Endownment of Arts”, frisa.

Quem quiser ver as obras de Giannina e dos demais contemplados – Eric Freedman, Christina Petersson e Asser Saint-Val – terá a oportunidade de admirá-las na Schmidt Gallery, instalada dentro da Florida Atlantic University (FAU), em Boca Raton, de 14 de setembro a 15 de outubro deste ano.

Giannina foi agraciada pelo conjunto da obra, intitulada “Playing with Food”, na qual destaca a interação entre o papel das mulheres na sociedade – mãe, mulheres e preceptoras – e os alimentos. Ao usar matérias perecíveis, ela os usa como símbolos simultaneamente como o espaço do corpo em sua existência temporal e sua necessidade como sustento. Os prazeres orais e sensoriais estão conectados ao alimento desde a mais tenra idade. Eles criam relacionamentos complexos ligados ao alimento e aos rituais diários. Algumas vezes o trabalho aparece como um registro de uma série de movimentos repetitivos, deixando traços cuja proposta seria o significado da existência de um corpo e a passagem do tempo.

O trabalho, que pode incluir performance da artista ou a liberdade de interação do clima e do tempo expressa um desejo de transformar simples materiais em símbolos das necessidades básicas apesar da morte, dos desastres financeiros, da crise política, dos cataclismas naturais e da bancarrota dos sistemas sociais. Refere-se aos momentos íntimos, a pequenos rituais ou metáforas que levam a interpretar estéticas formais, alimento e a inevitável temporariedade intrínseca da condição humana.

Criadora de troféu – Giannina está constantemente criando e participando de mostras. A mais recente foi a de novembro de 2005 no Armory Art Center de West Palm Beach. Batizada de “Materially Speaking: Seven Women Artists”, a exposição reuniu obras de sete mulheres que criam obras de arte instigantes.

Em 2004, ela venceu o concurso nacional promovido pelo Office Depot para a escolha da escultura com a qual premia anualmente as mulheres de destaque em várias categorias. O “Visionary Award”, escultura concebida e desenhada por Giannina, representa o “Oscar” concedido pelo Office Depot às mulheres que brilham pelos seus sucessos profissionais e que também se dedicam ao trabalho social para melhorar o planeta.

Entre as agraciadas figuram Aléxis Herman, ex-ministra do Trabalho dos EUA; Madeleine Allbright, ex-ministra de Estado dos EUA; a poeta Maya Angelou, e a tenista Serena Williams. No primeiro evento, em 2004, a convidada de honra foi Hillary Rodham Clinton, senadora de New York e ex-primeira dama dos EUA. No ano passado, a convidada de honra foi a jornalista Bárbara Walters. Giannina é quem desenha e produz individualmente as esculturas em bronze. “O molde é meu e somente eu é que estou autorizada a reproduzir esta estatueta”, enfatizou a artista plástica.

Professora de arte – A identificação com a arte vem desde pequena. Ao chegar aos EUA, aos 16 anos de idade, vinda de Guayaquil, no Equador, Giannina concluiu os estudos secundários e começou a estudar Arqueologia. Entretanto, neste período, fez um curso livre de arte e bateu o estalo. “A partir daí, descobri que arte é o que sempre quis fazer em toda minha vida”, afirmou a artista plástica.

Então, mudou do curso de Arqueologia para o de Arte na FAU, onde concluiu o mestrado. Hoje, ela é professora de Arte na própria FAU, dando aulas de Escultura, Desenho e História da Arte. Todos os anos ela viaja com um grupo de alunos para a Itália, onde dá aulas práticas de Renascimento aos estudantes. “É incrível a reação dos alunos, muitos dos quais não têm o menor interesse em arte – cursam Engenharia, Medicina e outros -, ao verem de perto estas obras centenárias dos grandes mestres. Eles ficam extasiados e voltam para os EUA encantados com o que viram, mudando até mesmo o conceito que tinham sobre história da arte”, comentou Giannina.

Além de Itália, ela também viaja para os museus da Espanha. No ano que vem, participará da Bienal de Arte Contemporânea de Florença. Mais uma oportunidade para divulgar suas obras de arte, cuja carreira de sucesso começou em 1991, com mostras individuais e coletivas e ganhando muitos prêmios nacionais e internacionais.

Linha de óculos própria – Esposa do brasileiro Guilherme Dwin, dono da Ótica 20 20, Giannina criou a linha Dwin de óculos, juntamente com o marido e com a filha mais velha, Jennifer, estilista de moda. “O Guilherme entende da parte técnica, enquanto eu e Jennifer cuidamos da parte estética”, disse. A linha de óculos é fabricada na Itália exclusivamente para comercialização na ótica da família Dwin. O sucesso da linha – a mais vendida na loja -, porém, está fazendo com que outros comerciantes estejam interessados em vendê-la em seus estabelecimentos. “Estamos pensando em ampliar a linha e distribuí-la para outras óticas”, confessou.

A arte na família Dwin é genética, porque as duas filhas de Giannina herdaram sua veia artística. Jennifer, aos 29 anos, já é uma conceituada estilista de moda, trabalhando para a Gap, e Jéssica Dwin, de 26 anos, é uma interior designer a serviço de uma companhia de setor, instalada em West Palm Beach.

Como se vê, a arte de Giannina pode ser etérea, mas sua hereditariedade é eterna.

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