Histórico

Governo gasta uma fortuna para impedir acesso de indocumentados ao país

Nova cerca de metal na fronteira entre EUA e México custou 58 milhões de dólares

O novo obstáculo para conter a entrada ilegal de imigrantes na fronteira entre os Estados Unidos e o México custou cerca de 58 milhões de dólares ao governo americano. A cerca de metal finalizada no final do ano passado próxima à cidade de San Diego, na Califórnia, tem 3.6 milhas e corta a montanha Otay Mesa. A rota sempre foi uma das preferidas dos indocumentados, que enfrentavam a mata densa e as trilhas infestadas de tarântulas pelo sonho da América.
“Este certamente não será mais um caminho escolhido pelos imigrantes”, acredita Jerome Conlin, da polícia da fronteira. De fato, os mais de cinco metros da cerca podem afugentar os indocumentados, mas muitos acreditam que o obstáculo, que está sendo chamado de ‘Muralha dos EUA’ (em alusão à Muralha da China), não vai deter a ação dos coiotes. “A iniciativa é mais uma herança sem valor da era Bush, que não vai gerar qualquer impacto no número de imigrantes que entram ilegalmente no país”, afirma o professor Char Miller, da Pomona College, ressaltando ainda os estragos que a cerca causou à outrora bela paisagem do local, uma área de preservação ambiental.
Além disso, os críticos lembram que o muro foi considerado “desnecessário” por um estudo do próprio Departamento de Segurança Nacional, em 2006. Naquela época, um outro agente da fronteira, Richard Kite, disse que a construção de uma cerca no local era “jogar dinheiro fora”, já que “a natureza é uma barreira natural”. A explicação para uma mudança de ótica tem a ver com a pressão do Congresso Nacional, segundo estes mesmos críticos.
O custo do projeto é um fator relevante no debate, já que os Estados Unidos ainda sofrem com os efeitos da pior recessão dos últimos 70 anos: cada milha do muro custou o equivalente a 16 milhões de dólares. Mas as autoridades garantem que o investimento vale a pena, já que a entrada ilegal de imigrantes pela região caiu bastante. “Será que isso também não aconteceu em outros pontos da fronteira sem a cerca? Na minha opinião, tão logo a economia demonstre sinais concretos de recuperação, o movimento vai voltar”, aposta Pedro Rios, diretor do Comitê Amigos Americanos, de San Diego.

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