Histórico

Grupo pró-imigrante critica proposta de Gingrich

Center for American Progress disse tratar-se de um programa de ‘alto risco’

Três semanas depois de lançada a proposta de legalizar milhões de indocumentados mas negar-lhes a cidadania, uma importante organização que defende os direitos dos indocumentados e apoia uma reforma imigratória abrangente disse que a proposta do pré-candidato republicano, Newt Gingrich, não é o que parece.

O Center for American Progress (CAP), organização com base em Washington DC que lidera uma campanha para que o Congresso aprove uma ampla reforma das leis de imigração e que propõe ao governo de Barack Obama deter sua política de deportações, informou em um relatório que o plano sugerido por Gingrich durante um debate presidencial do Partido Republicano não resolve o problema e trata-se de uma proposta frágil e inefetiva.

Gingrich, ex-presidente do Congresso e lider na corrida republicana para alcançar a indicação e disputar com Obama a presidência na eleição de novembro de 2012, disse no mês passado que não se podia adotar uma política imigratória que destrua famílias que vivem aqui durante um quarto de século, e que estava a favor da legalização de indocumentados que morassem há vários anos no país e não tenham antecedentes criminais. Mas enfatizou não estar de acordo com a possibilidade destes imigrantes conseguir a cidadania americana.

O CAP reconheceu o fato de Gingrich ser o único pré-candidato republicano que até agora expressou seu apoio à política imigratória que não seja muito cara e autodestrutiva em termos econômicos. Mas destacou que esta postura, que ele caracterizou como humana, caridosa e realista, não é o que parece. A proposta do ex-presidente da Câmara de Deputadas não tem os resultados que sua retórica promove. O universo de pessoas que poderiam qualificar-se é muito pequeno, e os benefícios recebidos são pouco claros, revelou o relatório.

Acrescenta que Gingrich imagina a criação de comitês de revisão de cidadania que tomariam decisões sobre quem merece e quem não merece status legal, e além disto não revela critérios explícitos de elegibilidade, sugere que a análise favorável destes comitês locais estaria disponível somente às pessoas que vivem aqui durante décadas ele propôs 25 anos de residência como o qualificador chave e que demonstrem vínculos profundos e contribuições às suas comunidades.

O Centro precisou ainda que “as poucas pessoas que provavelmente poderiam atender a estas exigências sugeridas por Gingrich seriam proibidas de solicitar a cidadania americana ou de receber benefícios federais, e para obter status legal teriam que demonstrar receita suficiente para pagar um seguro médico privado e pagar uma multa de $5 mil”. A organização apontou que “isto, por si só, desclassificaria muitos americanos.

Com relação àqueles que pudessem reunir os requisitos mínimos para regularizar suas permanências, o CAP disse que mesmo os que são capazes de demonstrar este montante de receitas todavia estariam em uma posição bastante precária. Se perderem seus empregos que lhes ajuda a se classificar, perderiam seu status legal. Então, o número de pessoas que poderiam classificar-se parece ser bem pequeno, advertiu. “E os que se qualificassem somente ganhariam um status marginalmente mais seguro do que não ter nenhum”, acrescentou.
De “alto risco”

O Center for American Progress resumiu que a proposta humana e caridosa de Gingrich é na verdade um programa de alto risco e baixa recompensa que daria pouco consolo aos votantes latinos que querem ver o problema resolvido.

Pouco depois de lançar a proposta, Gingrich intensificou seu compromisso com a mão dura do cumprimento da lei de imigração vigente, assinalando que alguém que não integre o pequeno universo daqueles capazes de preencher os requisitos de um comitê de revisão de cidadania estaria sujeito a procedimentos de deportação imediatos, avisou o CAP. Dias mais tarde, Gingrich elogiou a lei de imigração da Carolina do Sul que, juntamente com as leis do Arizona, Alabama, Utah e Geórgia, é considerada como a mais dura do gênero nos Estados Unidos.

O Centro antecipou que a proposta de Gingrich não vai inspirar os votantes latinos e disse que a estratégia era equivocada. “Os latinos sentem-se frustrados com as políticas aplicadas pela administração do presidente Obama, mas também estão conscientes de que os republicanos se uniram em oposição à legislação democrata que trata de maneira construtiva e humana os imigrantes indocumentados, que frequentemente estão ao lado dos votantes latinos”, afirma o relatório do CAP.

“Se Gingrich quer de verdade alcançar e lutar por estes eleitores, terá de começar com uma proposta de reforma mais realista e mais generosa”, recomendou o Centro. “Também terá de voltar atrás em seu apoio às deportações imediatas, severas iniciativas estaduais e construção de cercas”, se realmente quiser ou “espera atrair” o voto hispânico dos Estados Unidos para conquistar a Casa Branca, concluiu.

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