Histórico

ICE prende 331 imigrantes na Carolina do Sul

Operação foi em uma fábrica na cidade de Greeenville

A polícia de imigração americana prendeu, na semana passada, 331 indocumentados em uma fábrica na cidade de Greenville. A operação, a maior já organizada naquele estado, envolveu mais de 100 agentes e foi realizada após dez meses de investigações que tinham como alvo as reiteiradas práticas de contratação de trabalhadores em situação irregular. Pelo menos 94% da força de trabalho naquela empresa era composta de imigrantes sem visto de trabalho.

Entre os detidos – 123 mulheres e 208 homens – há seis adolescentes e outras 11 pessoas com antecedentes criminais. As mulheres detidas aguardam o processo de deportação em um centro de detenção para imigrantes em Atlanta, enquanto os homens foram transferidos para uma unidade em Lumpkin, naquele mesmo estado. No entanto, 83 imigrantes do grupo foram liberados pelo ICE por questões humanitárias, inclusive os seis adolescentes, que são do México e da Guatemala. Entre os demais indocumentados presos em Greenville estão também pessoas de Honduras, El Salvador, Colômbia, Costa Rica e Hungria.

Nos dias seguintes à operação, as cidades com grandes contingents de imigrantes naquela região pareciam desertas. “Agora há angústia, pânico, medo. Os imigrantes se sentem perseguidos e muitos evitaram sair para seus trabalhos, temendo que lhes possa acontecer o mesmo. Os bairros onde vivem as comunidades Latinas estão despovoados”, confirmou o ativista Wilfredo León, que também é editor de um jornal comunitário de língua hispânica.

Como entre os detidos estão dezenas de guatemaltecos, a consul daquele país em Atlanta (GA), Beatriz Illescas, está em Greenville para assistir aos conterrâneos no que for preciso. “Em primeiro lugar, nosso objetivo foi garantir que os direitos humanos estavam sendo respeitados. Agora estamos oferecendo solidariedade às famílias dos imigrantes”, enfatizou Illescas. O apoio vem também da União Americana de Liberdades Civis (ACLU), que está oferecendo contatos de instituições que podem colaborar na atual situação.

Líderes de 20 organizações religiosas daquele estado anunciaram que pretendem se unir para fazer um trabalho de conscientização da sociedade acerca da realidade dos imigrantes. “é nosso dever oferecer refúgio numa hora dessas, mas queremos também educar à comunidade sobre os problemas que afetam aos indocumentados neste país”, assinalou um comunicado emitido pela coalizão. A maior preocupação é em relação ao discurso de ódio contra os imigrantes.

No entanto, o medo de novas operações do ICE está ofuscando toda essa ajuda e os esforços dos líderes comunitários na assistência aos familiares. O pastor Edson dos Santos, da Igreja Cristã Internacional, contou que visitou uma comunidade latina, onde vivem muitos dos parentes dos detidos na fábrica, mas perdeu a viagem. “Sequer abriram a porta porque têm medo de falar. A situação é preocupante”, disse o religioso. Apesar de toda a comoção quanto ao futuro dos indocumentados, muitos moradores de Greenville afirmaram que a operação do ICE naquela fábrica já era esperada. Segundo o jornalista Carlos Puello Mejía, há menos de três meses muitos gerentes e supervisores da empresa foram levados à Justiça por utilizarem números de social security falsos entre seus empregados.

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