Com um milhão de imigrantes sem plano de saúde, estado busca alternativas para reduzir o desfalque
Os legisladores estaduais ficaram estarrecidos esta semana com o relatório apresentado na capital Tallahasse pela Associação dos Hospitais da Flórida: com cerca de um milhão de imigrantes, o estado gasta mais de 100 milhões de dólares ao ano com o atendimento médico a estas pessoas que não possuem plano de saúde. Isto se deve, em parte, ao alto custo do serviço, mas também porque os indocumentados não costumam pagar a conta por falta de dinheiro, segundo representantes da entidade. Bruce Rueben, presidente da ‘Florida Hospital Association’, afirmou, no entanto, que o rombo milionário tem que ser coberto de alguma forma. “Os gastos são repassados para quem pode pagar e essa é uma das razões dos altos preços dos planos de saúde”, afirmou Rueben, acrescentando que os imigrantes costumam usar o setor de emergência como atendimento primário.
Os representantes da FHA (na sigla em inglês) contaram que um caso emblemático é o de um guatemalteco, cuja conta num hospital de Stuart (sul da Flórida) ficou em 1,5 milhão de dólares entre 2001 e 2003. Até hoje, mais de cinco anos depois, o estabelecimento se vê às voltas com um processo movido pela família do paciente, porque os médicos aconselharam ao paciente o retorno ao país de origem. Do mesmo modo, outro indocumentado mexicano está há 760 dias no hospital, com um sério problema no cérebro e sua conta já passou dos sete dígitos. Os profissionais dizem que tentaram contato com o consulado do México, mas não conseguiram ajuda para levar o paciente de volta ao país.
Carol Plato, também da Florida Hospital Association, contou que muitos contribuintes não consideram justo que os que têm planos de saúde paguem o preço alto desta conta. Este é a situação da americana Cathy Allison: “Trabalho duro e pago meus impostos e não posso aceitar que algumas pessoas tenham de graça o mesmo tratamento que eu”, lamentou. Por outro lado, há quem defenda os indocumentados. “Se os imigrantes ficarem doentes, os hospitais não podem deixá-los morrer nas ruas. Alguma alternativa deve ser encontrada”, argumenta Marlene Copperman.
Nesse sentido, o presidente da FHA garantiu que todos os pacientes serão tratados da mesma forma, independentemente do status imigratório ou da existência ou não do plano de saúde – mesmo que para cada indocumentado atendido nos hospitais da Flórida a conta de 315 dólares ao ano, em média, seja debitada dos contribuintes do estado.