Histórico

Itamaraty investiga corrupção no Consulado-Geral do Brasil em New York

Denúncia aponta desvio de mais de $1 milhão. Funcionários foram demitidos por justa causa

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Fachada do Consulado-Geral do Brasil em NY

Fachada do Consulado-Geral do Brasil em NY

Da Redação (com Revista IstoÉ) – A edição 2372 da Revista IstoÉ trouxe uma denúncia grave contra o Consulado do Brasil em New York. Funcionários do consulado teriam desviado mais de $1 milhão desde 2009 devido à uma falha no sistema de lançamento de pagamentos de taxas para obtenção de vistos por americanos. Eles também teriam criado uma agência paralela para “agilizar o processo”de emissão de vistos e cobravam outra taxa extra.

Segundo a revista, o crime é investigado sob sigilo há cerca de três meses e já provocou a demissão por justa causa de três funcionários não concursados e contratados nos Estados Unidos, responsáveis pela emissão de vistos para que cidadãos americanos possam entrar no Brasil. Esses funcionários foram demitidos por justa causa e devem responder judicialmente à polícia de New York, que foi acionada pelo Itamaraty.

Segundo a revista, para obterem o visto brasileiro, os americanos precisam pagar duas taxas. Uma pelo visto propriamente dito e outra de reciprocidade, cobrada para equiparar os valores pagos pelos brasileiros que queiram obter o visto americano. Em 2009, foi implementado um sistema para o controle da emissão de vistos e essas taxas passaram a ser lançadas separadamente. O problema é que no cadastro do turista aparecia apenas o valor desembolsado para a obtenção do visto e o sistema não acusava se a taxa de reciprocidade havia ou não sido quitada. Três funcionários antigos do Consulado em Nova York descobriram essa falha e passaram a desviar as taxas de reciprocidade. “No começo do golpe eles devem ter arrecadado cerca de $5 mil por mês, mas com o tempo esses desvios devem ter chegado a cerca de $1,8 mil por dia”, revelou um funcionário do Itamaraty com acesso às investigações.

O golpe nos vistos começou a ser praticado em 2009 e só foi descoberto em fevereiro deste ano, quando servidores concursados chegaram ao Consulado e perceberam que a reciprocidade não estava sendo lançada. O caso foi levado ao Itamaraty que escalou duas equipes para fazer a investigação. Durante as investigações, foi descoberto que, além desses desvios, os funcionários criaram empresas laranjas que ofereciam aos turistas americanos um processo mais rápido para a emissão de vistos em troca de uma terceira taxa.

Pessoas ligadas à investigação estimam que apenas com a taxa de reciprocidade, cerca de $600 mil foram desviados. Por meio de sua assessoria de imprensa, o Ministério das Relações Exteriores confirma que está sendo investigado o caso de desvio na taxa de reciprocidade, mas não forneceu mais detalhes.

O  Consulado do Brasil de Nova York é o que tem o maior volume de trabalho entre os postos brasileiros no Exterior. A jurisdição abrange também os estados de New Jersey, Pensilvânia, New York e Connecticut.  Os usuários reclamam da falta de servidores para atender a demanda. No consulado de NY há apenas um servidor concursado para trabalhar na emissão de vistos. Por isso, funcionários locais – que não possuem atribuições para o serviço – acabam fazendo o trabalho. Além desse problema, o Itamaraty se deparou na semana passada com ao menos 70 dos 227 postos do Brasil no Exterior em greve. O Itamaraty afirma que a paralisação não afetou os serviços nos postos. A garantia do pagamento auxílio-moradia é a principal reivindicação dos servidores.

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