Antonio Tozzi
Esta frase foi proferida pelo advogado e professor da PUC há quase 40 anos Celso Antonio Bandeira de Mello em relação à forma como Barbosa conduziu a prisão de José Genoino. “Acho que é mais um problema de maldade. Ele é uma pessoa má. Falo isso sem nenhum preconceito com a pessoa dele pois já o convidei para jantar na minha casa. Mas o que ele faz é simplesmente maldade”, afirma o advogado.
Bandeira de Mello subscreveu esta semana, ao lado de juristas, intelectuais e líderes petistas, um manifesto condenando a postura de Barbosa. A ação supostamente arbitrária do ministro na prisão dos condenados no processo do mensalão seria passível de um processo de impeachment.
Pois bem, além dele, assinaram o manifesto para tirar Joaquim Barbosa da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) dezenas de militantes petistas e de partidos aliados, como os presidentes do PT, Rui Falcão, e PCdoB, Renato Rabelo, além de personalidades de diversas áreas como o jurista Dalmo Dallari, a filósofa Marilena Chauí, a cientista política Maria Victoria Benevides, os cineastas Luci e Luiz Carlos Barreto e o escritor Fernando Morais.
Sem dúvida, são nomes de peso, sobretudo junto à esquerda tupiniquim. Entretanto, o que me causa estranheza é que a relação de réus do Mensalão tem mais de 20 condenados. Entretanto, toda a ira e a indignação dos “intelectuais” é dirigida contra “as prisões arbitrárias” dos petistas José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares.
Não se ouve por parte dos “intelectuais” nenhuma voz em favor de Marcos Valério, ou de Roberto Jefferson, ou de Valdemar Costa Neto, ou da ex-dona do Banco Rural, Katia Rabello. É como se reconhecessem a falcatrua, mas os petistas simplesmente não podem ser culpados de nada. Fica um sentimento de algo, assim, incompreensível.
Afinal, houve ou não o Mensalão, na opinião destes arautos? Se houve, somente os outros são os culpados? E por que os outros devem ser condenados e os petistas não? Quais os critérios para se avaliar isto?
Agora, resolveram eleger Joaquim Barbosa como ditador, simplesmente porque ele está fazendo cumprir a lei. Talvez poderia ser mais leniente, sobretudo com José Genoíno, um homem que necessita de cuidados médicos e que muito me surpreendeu estar envolvido nesta maracutaia, porque sempre o tive como uma pessoa honesta e que lutava por seus ideais. Nunca imaginei ver Genoíno passando por isto, mas o fato de seu irmão ser flagrado com dólares na cueca denota alguma coisa de podre no reino da Dinamarca.
Mas, voltando ao tema, é estranho notar que as conexões de José Dirceu fazem ruborizar o mais inocente dos monges. O ex-todo-poderoso ministro da Casa Civil do governo Lula não perde a empáfia e continua gritando palavras de ordem contra sua condenação. Mais do que isto, conclama seus seguidores a enfrentar “a ditadura do STF”.
E consegue apoio. Tanto consegue que membros da Central Única de Trabalhadores (CUT) foram à frente do STF pedir a saída de Joaquim Barbosa. Isto, é claro, em pleno dia de semana onde os (supostos) trabalhadores deveriam estar em seus postos de trabalho.
Fosse somente isto, ainda daria para se deixar passar. Mas a verdade é que o indigitado Zé Dirceu, mesmo tendo de cumprir pena em regime semiaberto, arrumou um emprego que muitos brasileiros não condenados adorariam: ele será gerente administrativo do Hotel Saint Peter, um quatro estrelas de Brasília, trabalhando no horário comercial. O salário? Vinte mil reais por mês. Pensando bem, acho que no Brasil vale a pena ser preso…
