Jaime Amorim teria depredado o consulado americano, no Recife, no mês de novembro do ano passado
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Jaime Amorim, foi preso nesta segunda-feira (21) à tarde, quando saía do município de Itaquitinga, a 84 quilômetros do Recife. A prisão preventiva foi decretada pelo juiz da 5ª Vara Criminal do Recife, Joaquim Pereira Lafayete Neto, por entender que em liberdade Amorim “poderá colocar em risco a paz e a segurança de cidadãos de bem”.
O líder sem-terra teve a prisão requerida em processo que apura a depredação do Consulado dos Estados Unidos, no Recife, durante protesto contra o governo Bush, no dia 5 de novembro do ano passado. Pedras e tinta foram jogados no prédio e o policial militar Almir José de Barros foi atingido com uma lixeira. De acordo com o juiz, houve desobediência a ordem policial, deterioração da coisa alheia e incitação ao crime. O juiz alegou ainda que há antecedentes contra Amorim, que também não teria endereço fixo.
Advogados, políticos ligados à questão agrária e a movimentos de direitos humanos se reuniram com o presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Fausto Freitas, no fim da tarde, e entraram com pedido de habeas-corpus para tentar liberar Amorim ainda hoje.
O dirigente do MST foi preso logo depois de participar do enterro de Josias Barros Ferreira, um dos principais líderes do movimento em Pernambuco. Ele dirigia um Fiat Uno acompanhado dos dirigentes regionais do MST Alexandre Conceição e Edílson Barbosa.
Deixava a cidade para se dirigir a Vitória de Santo Antão, na região metropolitana do Recife, para o enterro de outro dirigente do MST, Samuel Matias Barbosa. Josias e Samuel foram assassinados a tiros, no domingo, no acampamento Alto da Balança, na cidade de Moreno, por dissidentes do movimento.
Atentado – O Fiat dirigido por Amorim foi interceptado na saída da cidade por dois carros, ocupados por sete policiais à paisana, de acordo com Alexandre Conceição. “Pensamos que era um atentado”, disse ele. “Jaime mostrou a habilitação, os homens confirmaram sua identificação em voz alta e o prenderam.”
Sem algemas, Amorim foi levado para o Instituto de Medicina Legal, para exame de corpo de delito, e em seguida encaminhado ao Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), no município de Abreu e Lima.
“Isso é uma provocação”, reagiu outro integrante do MST, Joba Alves. “O Juiz não diz a verdade quando afirma que Jaime não tem endereço fixo”, criticou Edílson Barbosa. Segundo ele, Amorim pode ser encontrado facilmente e está sempre dando entrevistas à imprensa.