Professora Maxine Margolis se especializou em estudar a comunidade brasileira fora do país
Joselina Reis
“A ideia de um emigrante ser uma pessoa pobre, sem formação, não se enquadra nos brasileiros.”
— Maxine Margolis
No final da década de oitenta, a americana Maxine Margolis não conhecia nada sobre o Brasil. Ela conta que começou a perceber a presença de brasileiros em locais não turísticos, mas somente quando uma prima a apresentou para uma faxineira brasileira ela percebeu que os brasileiros estavam vindo para os Estados Unidos paraficar. “Nunca tinha visto brasileira faxineira e babá.”, disse a pesquisadora que estava em New York na época. Quando retornou a Flórida, curiosa com o novo fenômeno de emigração vindo da América Latina, ela decidiu pesquisar mais sobre o assunto e viu que pouco havia sobre o êxodo brasileiro na Terra do Tio Sam.
Na época, Maxine era professora de antrologia na Universidade da Florida (UF). De lá prá cá ela se aposentou, mas não deixou as pesquisas de lado. A ex-professora já publicou três livros dedicados à comunidade brasileira e planeja um quarto, ainda sem data ou linha editorial definida. “Eu até aprendi português no processo”,
conta ela.
O primeiro livro – Brasileiros em New York – foi lançado em 1994 pela Princeton University Press e teve o relançamento com uma edição atualizada em 2009. Nesse meio tempo, ela lançou An Invisible Minority: Brazilians in New York City (A minoria invisível: brasileiros em New York City) onde dedica uma capítulo sobre o impacto dos ataques de 11 de Setembro na comunidade brasileira. Seu primeiro livro já está disponível em português, o segundo ainda não.
Todas as suas obras estão disponíveis para compra online. Enquanto aguardava, ela conseguiu material suficiente para escrever outro livro – Goodbye Brazil – sobre emigrantes brasileiros no mundo. O livro foi lançado em agosto deste ano no Rio de Janeiro e São Paulo pela editora Cotexto já nas versões português e inglês, e ebook.
O livro traz dados estatísticos e histórias de brasileiros vivendo em mais de cem países, mostrando que o Brasil passou de um país de imigrantes para um país de emigrantes.Maxine estudou os motivos que levaram esses brasileiros a viverem fora e continuar enviando milhões de dólares ao Brasil, outra coisa que chamou a atenção da escritora foram os destinos escolhidos por esses brasileiros.
Ela também retrata aqueles que voltam para o Brasil e sua readaptação em um ambiente que já não lhes é tão familiar. A escritora mostra estatísticas da comunidade brasileira na Europa, América do Norte e América do Sul.
“Percebi que a emigração brasileira é diferente da que estávamos habituados a ver. A ideia de um emigrante ser uma pessoa pobre, sem formação, não se enquadra nos brasileiros”, relata a americana que descobriu que o brasileiro geralmente tem mais anos de formação escolar que outros emigrantes, mas como os outros emigrantes sai pelo mundo à procura de melhoresoportunidades economicas.
Em seu próximo trabalho, Maxine Margolis planeja dar continuidade sobre a emigração brasileira, desta vez procurando aqueles que foram deportados e estão de volta ao Brasil. Ela já começou a reunir artigos sobre o assunto. “Já estou coletando histórias. A economia mundial fez muitos voltarem, mas isso é coisa para outro livro”, conta animada.