Histórico

Lobby nacional pela reforma imigratória

O debate sobre a situação da Síria e a autorização para uma ação militar nesta nação árabe preocupa os defensores da reforma imigratória, mas não os detêm

DA REDAÇÃO, COM UNIVISION – Neste domingo (8) se falará do caminho para a cidadania aos indocumentados nos púlpitos das igrejas católicas, e a partir de segunda-feira (9) quando o Congreso retorna do recesso de verão será aumentado o lobby. E também o envio de mensagens e chamadas telefônicas com o propósito de inundar a Câmara de Deputados.

“Nosso principal objetivo é continuar impulsionando a aprovação de um projeto com caminho para a cidadania para os milhões de indocumentados que estão no país”, disse à Univision Noticias.com Juan José Gutiérrez, diretor do Movimento Latino USA de Los Angeles, Califórnia. “Exigimos que a liderança da maioria (na Câmara de Deputados), encabeçada pelo legislador John Boehner (R-Ohio), não vá bloquear o debate e a votação por mais tempo agora que voltam a Washington”.

Em 5 de agosto, o Congresso entrou em recesso de verão por cinco semanas. Antes do período de férias, o Comitê Judiciário da Câmara aprovou várias medidas em um esforço para debater a reforma imigratória por partes, como vem pressionando a ala ultraconservadora do Partido Republicano.

Postura republicana

Após a aprovação de um plano de reforma no Senado, no final de junho, Boehner advertiu que a Câmara de Deputados debatiria sua própria iniciativa e anunciou a vigência da regra Hastert, que só permite levar à consideração do plenário projetos que contem com o respaldo da maioria da maioria, ou seja de 188 dos 234 votos republicanos.

Víctor Nieblas, professor da Universidade de Loyola e membro do conselho da Associação Americana de Advogados de Imigração (AILA), disse que a reforma imigratória com cidadania na Câmara de Deputados conta com 40 ou 50 votos republicanos que, somados aos 195 votos democratas, superam a quantidade mínima de 218 para aprovar uma lei no plenário.

Nieblas questionou a inatividade na Câmara e disse que a falta de ação deixa milhões de imigrantes sofrendo todos os dias pela falta de uma reforma imigratória integral.

“Segundo o congressista Luis Gutiérrez, temos uns 40 votos e apenas precisamos de 19 para que a reforma na Câmara seja aprovada”, disse Gloria Saucedo, diretora da Irmandade Mexicana de Los Angeles. “Não podemos mais ficar quietinhos, temos de continuar lutando” para acelerar o debate.

Javier Rodríguez, diretor do movimento Milhões de Vozes pela Reforma Imigratória, disse que “o que estamos fazendo é intensificar o alcance da publicidade da organização” e desta forma pressionar a liderança republicana na Câmara.

“Se não se dobrarem, então o movimento vai procurar os democratas, a Casa Branca e os republicanos que apóiam a reforma com cidadania para que passem por cima da liderança republicana e apresentem em conjunto uma moção para que seja enviada ao plenário uma proposta de lei”, antecipou.

O fantasma da guerra

À pergunta se o tema da Síria pode frear o debate da reforma imigratória, Gutiérrez disse que “oxalá não seja uma desculpa para sepultar a possibilidade e acabe dando em nada”.

Na terça-feira (3), uma semana antes de finalizar o recesso de verão, um comitê do Congresso se reuniu para debater se concede ou não permissão ao presidente Barack Obama para que ordene uma ação militar na Síria em resposta a um ataque com armas químicas ocorrido em 21 de agosto que deixou 1,429 mortos, dos quais 426 são crianças.

A administração culpa o governo de Damasco de ter ordenado o ataque.

Gutiérrez lembrou que os integrantes da Câmara têm “uma grande responsabilidade em tudo isto” e espera que o ataque químico – e o pedido da Casa Branca de pedir ao Congresso o apoio para realizar uma operação militar na Síria – “não vá a dar a punhalada de morte na reforma imigratória”.

“Há temor, claro que sim. A proposta dará permissão à Casa Branca por 60 dias, mais outros 30 adicionais, ou seja, 90 dias. Em que momento poderemos discutir a reforma imigratória se estivermos em um novo conflito bélico?”, indagou Gutiérrez. “A reforma não deve ser vista como alheia ao drama de uma possível nova participação em uma nova guerra no Oriente Médio”, destacou.

Passeatas no dia 22

Além da celebração de missas nos templos católicos este domingo, 8 de setembro, e do envio de mensagens de texto e ligações telefônicas para a Câmara de Deputados, as organizações se preparam para um dia de passeatas em 22 de setembro em vários estados e um lobby nacional em 5 de outubro com base em Washington D.C.

“Já estão confirmados Houston, Las Vegas e Los Angeles, e continuamos organizando outros eventos nos quais apoiaremos uma reforma imigratória com cidadania para os indocumentados”, afirmou Rodríguez. “Serão simultâneas em várias cidades”, acrescentou.

Rodríguez também disse que em 5 de outubro será realizado um dia de lobby nacional pela reforma imigratória e sublinhou que o objetivo será “fazer lobby no Congresso para dobrar um pequeno grupo de ultradireita que quer evitar a reforma imigratória”.

O ativista reiterou que, de acordo com as contas feitas pelas organizações e com base em dados fornecidos por legisladores democratas, na Câmara de Deputados existem votos suficientes para aprovar uma reforma imigratória como o plano votado pelo Senado em junho.
“Quando isto ocorrer, então poderá ser convocado o Comitê de Conferência. Mas temos que continuar pressionando para que o plenário vote antes do fim do ano”.

“Não acreditamos que a Síria adiará a reforma imigratória. Está muito forte e está muito amplo o apoio que tem a reforma, e o trabalho que está sendo feito não vai cair. Pelo contrário, creio que vai intensificar-se ainda mais, estamos vendo isto dia a dia. As passeatas, as mensagens e o lobby darão seus resultados”, prevê Rodríguez.

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