O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta quarta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai pedir ao presidente americano George W. Bush o fim da sobretaxa sobre o etanol importado do Brasil.
“Isso (o pedido pelo fim da sobretaxa) não deixará de estar sobre a a mesa”, afirmou Amorim. “De que forma exatamente (o assunto será abordado), eu não sei. Se ela vai ser insinuada, se vai ser levantada, eu não sei”, disse o ministro a jornalistas no Itamaraty.
Os americanos cobram sobretaxa de US$ 0,54 por galão (R$ 0,30 por litro) de combustível importado do país para proteger os produtores de etanol de milho do Meio Oeste americano.
Mas Amorim afirma que o governo não tem expectativa de que o assunto será resolvido no curtíssimo prazo. “Temos uma expectativa de que será resolvido em algum momento”, afirmou.
O ministro avalia que o fim da sobretaxa deve vir também com a pressão dos consumidores americanos, à medida que o etanol deixar de ser visto como um produto agrícola e for encarado como uma commodity energética.
O coordenador do setor de Energia do Departamento de Estado americano, Greg Manuel, disse, na semana passada, durante um seminário sobre o assunto, em Washington, que o tema “não está na mesa de negociação”.
Padrão
O etanol, segundo Amorim, será o tema mais importante do encontro dos dois presidentes, na sexta-feira da próxima semana, dia 9, em São Paulo.
A curto prazo, o ministro diz esperar que Lula e Bush acertem os detalhes para a criação de um mercado internacional de etanol, que começa com o estabelecimento de um padrão único para o combustível.
Um Fórum Internacional de Biocombustíveis para tratar do desenvolvimento do produto será lançado nesta sexta-feira na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, por um grupo formado por Brasil, África do Sul, China, Estados Unidos, Índia e a Comissão Européia.
Amorim disse que o Brasil não vai oferecer aos Estados Unidos uma intermediação na relação com outros países da região, mas acredita que o bom relacionamento do Brasil com o país é favorável.
“Uma boa relação entre Brasil e Estados Unidos reforça a possibilidade de uma boa relação entre os Estados Unidos e a América do Sul”, afirmou.
O ministro disse que o Brasil quer passar aos americanos “uma visão positiva do continente” e uma influência positiva através do próprio exemplo.
“Um país democrático, respeitador da imprensa livre, que tem uma agenda social importante, que tem uma política externa criticada no Brasil por alguns setores, mas muito respeitada no exterior”, defende Amorim.
“Ninguém vai dizer ‘vamos dizer isso para o Chávez, vamos dizer para o Morales’. Essa postura de forte apoio à democracia, de forte cunho social, é o que nós temos a oferecer. Uma influência positiva na região. Não uma influência de hegemonia. Uma influência por contato”, acrescentou o ministro.