Histórico

Mãe americana faz apelo emocionado à comunidade brasileira

Martha Wright quer ajuda para encontrar Daniela Torres (foto), acusada de provocar o acidente que matou a filha Deborah Peterson, no dia 21 de agosto de 2008

Daniela Torres, A americana Martha Wright, que mora em Pompano Beach, afirma que não vai desistir de encontrar a brasileira Daniela Torres (foto), de 24 anos. Depois de um protesto feito com ajuda de amigos em frente ao prédio da procuradoria pública do condado de Palm Beach no dia 12 de agosto de 2013, Martha, com ajuda do advogado Chris Mancini, escreveu uma carta endereçada à comunidade brasileira onde apela por informações sobre Daniela.

No dia 21 de agosto de 2008, sua única filha, a americana Deborah Peterson, de 44 anos, dirigia na I-95 próximo à saída para Palmetto Park Road, na região de Boca Raton, quando se envolveu em um acidente com o carro da brasileira Daniela Torres. O Saab dirigido por Daniela bateu na traseira do carro conduzido pela americana que acabou capotando. No acidente morreram Deborah e seu acompanhante James Carr, de 42 anos. Uma terceira vítima, Calvin Braggs, conseguiu sobreviver. A polícia fez o teste do bafômetro e Daniela não passou.

A justiça americana nunca exigiu que Daniela entregasse o passaporte e, duas semanas antes do julgamento em 2012, Daniela fugiu para o Brasil. De acordo com leis brasileiras, o Brasil não extradita seus cidadãos para responder processos judiciais em outros países. Se condenada, Torres pode pegar até 20 anos de prisão.

Martha Wright  poderá ser contatada através de seu advogado Sr. Chris Mancini (305)219.6919 ou por email chrisjmancini@aol.com.

Veja a seguir, na íntegra, a carta de Martha Wright.

Uma mãe grita por ajuda

Pompano Beach, 26 de agosto de 2013.

Lembro-me do dia 07 de fevereiro de 1964 quando minha única filha, Deborah Genise Peterson, nasceu. Todos na minha família estavam muito felizes e até mesmo minha irmã e minha cunhada ajudaram a escolher o nome dela. Ela cresceu em Pompano Beach, Flórida. Durante o tempo de ginásio e colegial, Deborah era bem conhecida no sul da Flórida por ser uma excelente jogadora de basquete. Ela se formou em Coconut Creek High School em 1982.

Era muito ativa na igreja que frequentava, onde cantava no coral e tocava bateria. Mais tarde, Deborah foi abençoada com o maior presente de sua vida: o seu filho, Antonio Santiago Jr. Eu dependia de minha filha para tudo. Sempre vou me lembrar de como Deborah iluminava cada lugar, com seu senso de humor e seu jeito de brincar. Sempre que saía de uma sala onde a família se encontrava, ela sempre dizia “Eu amo vocês”. Sempre.

É preciso vir de uma pessoa carinhosa a lembrança de dizer algo assim toda vez, de modo a deixar os outros a sentir o calor do seu sol. Em 21 de agosto de 2008, um detetive de polícia me telefonou e começou a fazer perguntas sobre a minha filha. Eu comecei a temer o pior, quando começou a me dizer que Deborah estava dirigindo na I-95 com seus amigos Calvin Braggs e James Carr, quando Daniela Torres, de nacionalidade brasileira, que estava supostamente sob a influência de álcool, provocou um acidente de carro fatal em que a minha filha e seu amigo James Carr foram mortos.

As ações de Daniela mudaram a minha vida para sempre. Eu realmente sinto falta da presença da minha filha, sua voz, seus abraços, e seu amor por mim. Meu marido morreu em 2010 e me sinto sozinha neste mundo. Desde o dia em que o hospital ligou com a notícia mais terrível que uma mãe poderia ouvir, tentei procurar a justiça para a minha filha. Nos últimos cinco anos, tenho sido continuamente chamada ao escritório do Condado de Palm Beach State Attorney para obter informações.

A maneira como fui tratada pelo escritório Palm Beach State Attorney é devastador. Como mãe, sinto que estou sendo punida pelo sistema judicial pela morte prematura de minha filha. As datas da corte foram constantemente adiadas até agosto de 2012, quando recebi um telefonema do escritório do condado de Palm Beach State Attorney e me foi dito que Daniela Torres deixou os Estados Unidos e fugiu para o Brasil.

Fui deixada sem nenhuma escolha a não ser a de lamentar a morte da minha filha com a sensação de que a justiça jamais seria entregue à sua assassina. Muitas vezes, me pergunto por que essa jovem brasileira deixaria este país onde ela veio desfrutar de sua liberdade e, em seguida, fugir para escapar da responsabilidade por suas ações. Será ela um símbolo de todos os brasileiros? Estão os brasileiros aqui apenas para usar os Estados Unidos como a terra da oportunidade e depois correr de volta para o Brasil? Parece que sim.

Não sei mais o que pensar, então decidi conectar com a comunidade brasileira no Sul da Flórida. Não pode ser que todos os brasileiros sejam más pessoas, e que todos devem ser julgados pelas ações desta jovem. Mas ela não é a única brasileira a fugir, quando confrontado com a acusação. Mas acontece que há muitos que o fazem. Sei que esta jovem tem que ser levada à justiça. Sei que precisa uma comunidade inteira para fazer com que as pessoas que quebram suas regras, suas leis, cumpram com seus deveres como cidadãos. Entendo que o sistema de justiça americano diz que uma pessoa é inocente até que se prove o contrário. No entanto, acredito que até o momento em que essa mulher for encontrada e trazida de volta para os Estados Unidos, não encontrarei paz para dormir.

Este tem sido um caminho difícil para eu seguir, mas não se compara à estrada que minha filha Deborah seguiu quando ela foi morta. Por favor, me ajudem. Se vocês se preocupam com suas próprias famílias e da liberdade de que gozam nos Estados Unidos, vocês devem cuidar para que haja um desenvolvimento de consciência dos americanos e das autoridades policiais sobre os brasileiros. Com essas fugas de brasileiros, o que aprendemos é que o imigrante brasileiro não pode ser confiável para comparecer em um tribunal e o melhor é detê-lo enquanto espera julgamento, porque nós sabemos que o Brasil se recusa a extraditar os seus cidadãos para enfrentar o julgamento aqui na América.

Os números destes casos só aumentam. Claudia Hoerig, de Ohio, acusada de matar o marido e David Brito, ex-policial de Boynton Beach, enfrentando acusações de tráfico de drogas, são mais dois exemplos de brasileiros que fugiram da justiça dos EUA e que acabaram dando motivos aos membros do Congresso dos EUA para propor e negar ao Brasil ajuda externa e bloquear contratos de defesa para as empresas brasileiras.

Esta pressão vai aumentar à medida que mais brasileiros optarem por esta via, a de fugir da justiça. Se vocês têm alguma informação sobre o paradeiro de Daniela Torres, por favor, alertem as autoridades apropriadas. Se vocês se preocupam sobre como sua comunidade será tratada em nossos tribunais, aja, tome uma ação, porque da próxima vez, pode ser o seu ente querido que será negada fiança por um crime, simplesmente porque existe o risco de que ele possa fugir para o Brasil. Sinto falta da minha filha todos os dias.

Martha Wright

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