Histórico

Mãe brasileira indocumentada é presa pela imigração e fica 14 dias afastada do filho de 9 meses

Reylla da Silva só foi liberada pelos agentes da imigração porque precisava amamentar o filho, que sofre de problemas cardíacos.

Joselina Reis

Reylla da Silva com seu esposo Fabrizio Ferraz e o filho EnzoMesmo depois do governo americano divulgar que somente imigrantes indocumentados com crimes graves seriam deportados, uma brasileira, mãe de um bebê de 9 meses ficou 14 dias distante de seu filho e está ameaçada de deportação. O caso da brasileira Reylla da Silva, de 35 anos, chamou a atenção da mídia e das ONGs, que apóiam os imigrantes, na Califórnia. No dia marcado para se apresentar à imigração para saber o resultado do seu pedido de extensão, ela recebeu o aviso que sairia da sala presa, com algemas, e seria levada para uma prisão feminina onde traficantes e assassinas eram mantidas.

A mídia em San Francisco (CA) deu grande repercussão ao caso, principalmente porque o filho único da brasileira, Enzo, de onze meses, que é cardíaco, e era amamentado pela mãe ficou doente. Reylla, que enfrentava uma infecção urinária, ficou sem medicação durante os dias em que ficou detida e sofreu ameaças das outras prisioneiras. “Todo o dinheiro que ela tinha na carteira teve que usar para comprar cigarro e desodorante para as outras presas que a ameaçavam de surra”, contou o marido Fabrizio Ferraz.

A história dos dois e da luta burocrática que travaram com o serviço de imigração na Califórinia nos últimos três anos é longa. Reylla entrou pelo México em 2005 e na época, como muitos indocumentados, foi presa e depois de 24 horas liberada pelo juiz após assinar sua própria ordem de deportação. Como não sabia falar inglês, Reylla só assinou o documento e foi para a Califórnia onde tinha amigos.
A família não sabe explicar porque o sistema de imigração enviou cartas e ordens de prisão para um endereço desconhecido por Reylla em New York. Com isso, a brasileira nunca cumpriu a ordem de retirada espontânea do país.

Em 2011, a imigração finalmente a encontrou na Califórnia. Na época, sua participação em um seminário para formação de pastores foi visto com bons olhos pela imigração e ela conseguiu, com ajuda de advogados, manter-se nos EUA pedindo extensão do processo a cada três meses. Como ela se apresentava à imigração mensalmente provando ter bons antecedentes e um filho com problemas de saúde o tempo foi passando. “Na penúltima vez que ela se apresentou ficou acertado que ela não precisaria ir até a imigração por causa do Enzo e por isso ela faltou uma vez”, conta o marido.

Fabrizio Ferraz conta que no dia nove de maio um funcionário da imigração ligou para saber porque ela havia faltado e pedindo para que ela se apresentasse para saber do resultado do último pedido de extensão. Quando foi ao prédio ela saiu de lá em algemas. “Eu ouvi toda a conversa dela com os agentes porque o telefone estava ligado. Eles sabiam que ela estava amamentando e que o Enzo é doente”, disse o marido que prefere não tentar entrar em atrito com os agentes que disseram à imprensa não saber que Reylla amamentava.

Ferraz disse estar esperançoso que a reforma imigratória seja aprovada rapidamente e não só seu caso, mas o de milhares de pessoas seja resolvido. “Há esperanças para todos”, afirmou. Na quarta-feira (22), Reylla foi liberada com a extensão do pedido de permanência por um ano. A família vai solicitar asilo político porque Reylla é testemunha de crime político cometido em Goiás. Na época, o assunto ficou conhecido como a Máfia das Carteiras de Motoristas.

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