Histórico

Mãe reencontra filho depois de dez anos

O AcheiUSA acompanhou o drama da mãe que foi deportada e finalmente conseguiu voltar aos EUA. Um leitor do jornal se comoveu com a história e pagou todas as despesas da viagem depois de ler a matéria

Ana Paula Franco

Mãe reencontra filho depois de dez anos

O aniversário de 26 anos de Joseph Lucas não poderia ter sido mais especial. Depois de dez anos e meio sem ver a mãe, ele finalmente passou a data com a brasileira Rachel Christie no último final de semana. Joseph é portador de hidrocefalia doença que causa atraso mental e inspira diversos cuidados. Ele vive na cidade de Waterbury, no Connecticut , num local especializado onde recebe todo atendimento necessário. Há pouco mais de um ano, o AcheiUSA contou a história de Rachel, de 51 anos, e desde então, vem acompanhando o caso. Na edição do dia 17 de abril divulgamos que Raquel havia conseguido o visto, porém não tinha dinheiro para vir para os Estados Unidos. Um leitor do Achei que vive em Connecticut entrou em contato com ela, pagou todas as despesas da viagem, deu a ela um celular, ofereceu a casa para ela ficar e ainda emprestou o carro. O nome do casal é Célio e Carmem Costa.

Rachel chegou aos Estados Unidos no último dia 16 e ainda não sabe o que vai ser do futuro, mas, para ela, o mais importante já aconteceu. “Toda honra e toda à glória pertence a Deus!  Venci mais uma guerra, mais uma batalha, como um soldado que vai para a guerra, assim eu me senti ao abraçar meu filho 10 anos e seis meses depois. Somente Deus para ter me dado forças para vencer essa guerra”, disse Rachel. Ela agradeceu a ajuda do casal de brasileiros que viabilizou sua vinda. “Ainda existem homens bons na terra. Essas pessoas foram dois anjos em minha vida. Não tenho palavras para agradecer esse ato tão nobre”, comentou.

O drama de Rachel tem mais de dez anos. Depois de diversas tentativas frustradas de obter o visto no Consulado Americano no Brasil, ela conseguiu, em abril, o visto para viajar. Ela contou com a ajuda da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República que, segundo ela, intercedeu junto ao Consulado e conseguiu marcar uma entrevista num caso considerado de emergência.

“Tudo aconteceu no tempo de Deus que nem sempre é o nosso tempo. Agora, aliviada e com o visto nas mãos, vou poder abraçar meu filho depois de mais de dez anos. Quero pegar, beijar, dormir agarradinha com ele. Passei todo esse tempo sonhando com esse dia”, disse na época que conseguiu o visto.

Rachel veio para a América em 1988 como turista, casada com um brasileiro da mesma cidade e teve seu filho Joseph Lucas em 1989. Quando estava grávida de cinco meses, os médicos avisaram Rachel que seu filho teria múltiplas deficiências e a aconselharam a fazer um aborto. Ela não aceitou tirar a criança e deu à luz Joseph que nasceu com hidrocefalia – crescimento exagerado do crânio que causa problemas de aprendizagem, raciocínio lógico entre outras dificuldades–. “Os médicos falaram que ele seria cego, não andaria e que não sobreviveria. Ele passou por diversas cirurgias e dificuldades, mas hoje é um jovem saudável com suas limitações”.

Rachel Christ vivia em São João da Boa Vista (SP) e já havia tentado, sem sucesso, o visto para retornar aos Estados Unidos por seis vezes. O drama de Rachel começou em 2004 quando ainda estava em processo para pegar o greencard e precisou ir ao Brasil. Ela deixou o filho, que na época tinha 15 anos, com o pai. “Meu processo estava em andamento e viajei sem a carta com autorização da imigração, confiei no advogado que falou que mandaria a carta para mim. Quando tentei voltar, fui barrada no aeroporto e mandada de volta para o Brasil, desde então, não consegui mais voltar”, conta.

Joseph vive hoje numa instituição mantida pelo governo americano em Cheshire, Connecticut e tem toda assistência necessária, mas não tem ninguém por perto. “Tenho um irmão que mora em New Jersey e o visita às vezes, o pai não o visita mais”, disse. Segundo Rachel, na época que ela foi pro Brasil em 2004, o ex-marido entrou na Justiça Brasileira alegando que Rachel abandonou o filho nos Estados Unidos e pegou a guarda do menino, o que dificultou ainda mais sua situação imigratória. A punição para a deportação foi de cinco anos e só agora ela conseguiu o visto para ver o filho.

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