Eles foram outras vítimas dos traficantes especializados em trazer indocumentados para os EUA
Joselina Reis
Mais quatro brasileiros devem conseguir o benefício de permanecer legalmente nos Estados Unidos mesmo tendo entrado no país usando os serviços de uma quadrilha de tráfico humano. Com isso sobe para nove, só este ano na Flórida, o número de brasileiros que podem ser beneficiados com o asilo político.
Esse grupo de quatro brasileiros conseguiu chegar até os EUA, vindo das Bahamas, usando um barco pequeno, no dia 16 de junho. Pelo depoimento do grupo e do capitão do barco, o brasileiro Alcidemar Alves dos Santos, de 66 anos, o barco deveria ter aportado em Pompano Beach, mas devido a um problema no motor, eles ficaram à deriva e foram levados pela correnteza para a praia na cidade de Júpiter, distante 52 milhas ao norte do Estado.
Os quatro, mais o capitão, foram presos ao tentarem desembarcar. São eles: E.T.G., de 35 anos, de Goiás, R.P.S., de 30 anos, do Distrito Federal, L.B., de 32 anos, de Minas Gerais, e F.F., de 47 anos, também do Distrito Federal. De início, eles foram levados para o Broward Transition Center (BTC) em Pompano Beach e, posteriormente, transferidos para o presídio federal em Fort Pierce. Já o capitão Alcidemar Alves, que se diz um “laranja” dos traficantes está preso, sem direito a fiança, e pode ser condenado a até dez anos de prisão.
Na sexta-feira dia 12 de julho, parte do grupo deve depor sobre o caso, agora como vítimas de tráfico humano e parte de uma investigação federal. Os quatro contaram que também contrataram a mesma quadrilha que trouxe dezoito brasileiros no dia 21 de fevereiro deste ano. Na época, o grupo foi perseguido pela polícia ao desembarcar em Boca Raton sendo que alguns foram presos. Destes, cinco já foram aprovados na primeira fase de concessão de asilo político.
O advogado Max Whitney que representa os nove brasileiros que podem ser beneficiados com permanência legal nos EUA a título de asilo político alerta a comunidade para as ações cada vez mais ousadas da quadrilha. “Mesmo tendo os nomes e até fotos divulgadas pela polícia, a quadrilha continua agindo e está até sofisticando o processo de tráfico”, lembrou. O advogado contou que a quadrilha agora mantém um intermediário, que atuaria como escolta do grupo, no Panamá. Cada brasileiro tem que pagar outros $500 extra pela escolta, além dos $15 mil pela travessia.
Whitney acredita que a divulgação do projeto de reforma imigratória ao invés de afastar os indocumentados que se aventuram em viagens perigosas até os EUA, está atraindo mais gente. “Eles pensam que vão entrar aqui, e serem beneficiados quando a nova lei for assinada. Não é o caso”, garantiu. Se o atual texto da reforma imigratória for aprovado, os indocumentados que comprovarem residência nos Estados Unidos anterior à data de 31 de dezembro de 2011 poderão aplicar residência permanente com caminho para a cidadania.