EUA demonstram carência de profissionais em áreas como engenharia
Os vistos H1B são usados principalmente pelas empresas de alta tecnologia e destinados aos profissionais estrangeiros com título universitário que desempenham trabalhos especializados que requerem conhecimentos teóricos ou técnicos.
Um programa bem definido de trabalhadores especializados pode ajudar os Estados Unidos a sair mais rápido da recessão além de proporcionar fundos para o treinamento da futura força de trabalho de alto nível, revelou uma análise do Instituto Brookins.
“Os trabalhadores especializados são muito importantes no momento em que os Estados Unidos estão tratando de recuperar-se desta recessão e entrando em uma nova economia”, disse Neil Ruiz, pesquisador do Instituto Brookins, em Washington. “Isto é muito importante, sobretudo a nível regional”.
O programa deve responder às diferentes necessidades das economias locais: algumas precisam mais de engenheiros; outras, mais de cientistas ou professores universitários, ou mesmo médicos e enfermeiras, profissões que o sistema educacional dos Estados Unidos não está suprindo suficientemente.
Por exemplo, em San Francisco e no Vale do Silício, há uma tremenda demanda por engenheiros em computação, enquanto em Columbus, Indiana, há a necessidade de engenheiros industriais para a indústria manufatureira. Outro exemplo é Long Beach, Califórnia, onde a maior demanda destes vistos é para trabalhadores médicos.
Sobretudo, um programa deste tipo deveria responder às necessidades da economia atual e do futuro, e não à política, como ocorre quase sempre neste tipo de temas, tão controversas.
“Deveríamos ter, como têm outros países, uma comissão ou painel, não partidário, que veja os dados e as necessidades locais e decida que tipo de vistos são necessários”, disse Ruiz, co-autor de um novo relatório sobre a demanda de trabalhadores imigrantes nas áreas metropolitanas dos Estados Unidos.
O conteúdo do relatório
O relatório analisa o funcionamento dos vistos H1B, um programa de trabalhadores especializados que existe desde 1990 para dar permissões de trabalho e residência temporária a profissionais de alto nível para trabalhar em empresas americanas.
A demanda por este tipo de vistos flutua com os ciclos políticos e econômicos e segundo a necessidade local. Mas o programa criado em Washington é “tamanho único” para todo o país e tem um limite de vistos anuais “exceto as universidades, que não têm limites para este tipo de profissionais que podem patrocinar.
O assunto é controverso, porque alguns acham que as empresas preferem contratar trabalhadores estrangeiros para pagar um salário mais baixo e ter mais controle sobre eles do que teriam sobre os cidadãos.
Este é um dilema que o relatório não resolve, mas, se os Estados Unidos estão formando menos profissionais de certas áreas, parte do problema recai nas limitações do sistema educacional americano.
Por exemplo, o relatório lembra que mais da metade dos licenciados em engenharia do mundo estão na Ásia, 17% na Europa e só 4% nos Estados Unidos. Coreia do Sul, Taiwan e Japão têm mais formados em engenharia e em ciências naturais do que os Estados Unidos, embora a população deste país seja maior.
O programa H1B já tem uma característica que favorece a formação destes profissionais nos Estados Unidos: o dinheiro que pagam os empregadores pelos vistos distribui-se por intermédio do Departamento do Trabalho e da Fundação Nacional de Ciências.
Los Angeles, por exemplo, recebe a maior quantidade do país: $30 milhões que vai para o treinamento profissional para outros profissionais técnicos de diversos níveis de especialização. “Lamentavelmente descobrimos em nosso estudo que o dinheiro não é distribuído equitativamente”, disse Ruiz.
Brookins espera que seu estudo possa ser utilizado pelo Congresso quando for discutir um dos vários projetos de lei que estão pendentes sobre o aumento dos vistos para trabalhadores especializados. No obstante, destacou Ruiz, o mesmo pode ser dito em relação aos trabalhadores não especializados, pois a política nacional não responde às necessidades locais.