Histórico

McCain ataca Obama, mas democrata se sai melhor no debate

Último debate foi assitido por mais de 60 milhões de pessoas, mas não foi suficiente para republicano virar a disputa a seu favor

Se o debate entre os dois presidenciáveis, realizado na quarta-feira no estado de New York, fosse uma luta de boxe, poderia-se dizer que o candidato John McCain tentou repetidamente empurrar o rival Barack Obama contra as cordas. No entanto, o democrata não se sentiu encurralado e apesar das insinuações de que pretende aumentar os impostos, estar associado a ex-terroristas e promover campanha negativa, ele se saiu bem no encontro. Em queda nas pesquisas, McCain não poderia assumir outra postura que não ataque e, pela primeira vez, tentou realmente se descolar da atual administração. Segundo pesquisas, a postura mais agressiva do republicano não foi não foi suficiente para reverter a vantagem de Obama, que havia vencido os dois debates anteriores. Em sondagem da CNN, 58% dos entrevistados deram a vitória ao democrata, que procurou se manter centrado em suas propostas, contra 31% para McCain.

Não se pode negar que o canidato do partido republicano tentou. Por exemplo, ele reagiu irritado às tentativas de Obama em ligá-lo ao governo atual. “Senador Obama, eu não sou o presidente George W. Bush. Se você queria concorrer com o presidente Bush, deveria ter feito isso há quatro anos”, afirmou McCain. Ele mais de uma vez criticou o atual ocupante da Casa Branca e seus assessores, entre eles o secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, por terem socorrido Wall Street e não a classe média. “Estou convencido que enquanto essa crise no mercado imobiliário for contida, a situação não irá melhorar”, disse o republicano.

Mas o debate mediado pelo jornalista Bob Shieffer, da CBS, na Universidade Hofstra, em Long Island (Nova York), foi favorável a Obama. “Nós não queremos desperdiçar o dinheiro que você pagou em impostos”, disse o democrata, abordando o seu projeto de pacote para a classe média. Ele também destacou que dará incentivos para as empresas que contratarem funcionários nos Estados Unidos, ao invés de subsidiárias no exterior. Ao admitir que a situação do país, Obama defendeu mudanças fundamentais neste país e, em todos os momentos demonstrou a serenidade de quem está à frente nas pesquisas de opinião junto ao eleitorado.

Outra cuirosidade do debate foi a importância dada a Joe Wurzelbacher, o ‘encanador’. Trata-se de um eleitor que interpelou o democrata sobre impostos num dos comícios, em Ohio, e foi usado pelos candidatos como o símbolo do típico americano de classe média. McCain e Obama usaram a câmera para falar com Joe. Responderam quanto ele pagaria de imposto, que tipo de seguro saúde melhor lhe serviria e avaliaram se o bombeiro Joe seria capaz de iniciar o seu pequeno negócio. Interessante também que até o Brasil foi citado no encontro, quando McCain disse que eliminará a tarifa de importação do etanol feito a partir da cana-de-açúcar brasileira.

Mais tenso que os dois anteriores, o debate também foi palco de uma acusação provocativa do senador republicano, que levantou uma suposta relação de Obama com um radical dos anos 60, William Ayers. O democrata rejeitou todas as acusações e contra-atacou, afirmando que ele era apenas um conhecido e não estava envolvido na campanha. A pouco mais de duas semanas das eleições, a sensação que se teve foi que McCain perdeu sua última oportunidade de virar a disputa nos Estados Unidos, já que o debate foi assistido por mais de 60 milhões de pessoas. De acordo com a pesquisa divulgada esta semana pela CBS, Obama está 14 pontos percentuais à frente do republicano.

O voto dos brasileiros

“O meu voto é para o Obama. Eu acredito em mudanças e acho que o candidato democrata é coerente e tem convicção nas suas opiniões. Por isso, ele merece a nossa confiança”
Isabel Santos, presidente do Centro do Imigrante

“Ainda não me decidi. Na verdade, minha candidata seria a Hillary Clinton, se ela fosse a indicada dos democratas. Entre Obama e McCain não tenho preferência, mas até o dia 4 de novembro eu decido”
Chico Moura, jornalista

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