Histórico

Menção Honrosa no II Prêmio AcheiUSA de Literatura: Saudades da minha terra

Por: Jardelina Dias Souto

Será saudade o que dizer?
Será saudade de querer?
Saudades, calor ardendo,
Nos braços fortes de um amor moreno?

Vida de longe,
Vida de sombras.
De nuvens que pairam
Pairando na dor.

Lembrança doce,
Melado de cana
Canavial verde
Em tempos de nana.

Loira criança, cachos caídos,
Rolados, rolando
No rosto dourado
Em campos amados, de pai e mãe.

Ó vida, agora penada!
Almas perdidas
Amores solícitos em latas, enlatados
Sozinhos, e sem nada marcar.

Saudoso solar das tardes morenas.
Conversa à mesa, almoço ou jantar.
Vivendo, pensando no amor sereno,
No vento leve que vem balançar.

Na rede branca, alva, respalda,
Presa aos galhos da acácia silvestre de Jose de Alencar.
Nos tempos tranqüilos de sonetos e versos
Da pata ou gazela, que só queria amar.

Ó saudade não me deixe só…
Fique comigo.
Guarde, resguarde as penas vividas,
E com seu doce encanto me venha embalar.

Espere comigo o grande final.
Bem vinda a oferenda.
Que traga o pombo no bico a vitória
Do verde “green card”.

Ó doce terra, minha hora chegou.
Para trás vou deixando,
A floresta de ferro,
Concreto ao longe
Pra ver o meu vale,
Alegre criado que sempre me amou.

Voltem comigo lembranças!
Tardes tranqüilas,
Pátios calçados,
Botecos e feiras, cenouras, laranjas,
Abacaxis e ananás.

Adeus amados e amigos,
O mar se abriu.
Portos, portões, quebrados, partidos.
Braços abertos.
Meu lar é o mundo,
Minha terra o Brasil!

Não foi difícil para Jardelina Dias Souto falar sobre saudades do Brasil. Afinal, esta mineira de Teófilo Otoni que passou a infância e a adolescência em Brasília, está distante da terra natal há mais de 33 anos. Arquiteta e professora de artes antes de vir para a América, ela trabalha há muito tempo com desenho gráfico e já emprestou a sua arte e criatividade para a National Football League (NFL). “Fazia os desenhos dos ingressos, do site oficial e até das camisetas preparadas para as festas do Superbowl”, lembra a brasileira, que também morou na Califórnia. Mãe de dois filhos, ela hoje trabalha para uma empresa de painéis e, como gosta de escrever, tem projetos para dois livros: um sobre a vida de seu pai e outro sobre as experiências de imigrantes aqui nos Estados Unidos. Com esta poesia acima, Jardelina recebeu a menção honrosa do II Prêmio AcheiUSA de Literatura.

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