Histórico

Napolitano: ‘A reforma está próxima’

Secretária se Segurança Nacional vê terreno fértil para aprovação de visto temporário de trabalho em 2010

O debate sobre uma possível e necessária reforma das leis de imigração é iminente. Até a própria secretária de Segurança Nacional, Janet Napolitano, a pessoa do governo americano diretamente ligada à questão, disse que sente o momento certo para mudanças e acredita que isso deverá acontecer no início do ano que vem. “A reforma está próxima. Mesmo num ano eleitoral, como 2010, temos condições de aprovar pontos importantes da reforma, como um visto temporário de trabalho com possibilidade de legalização”, afirmou Napolitano.

A confiança se baseia no fato de que todas as medidas para proteger as fronteiras já foram tomadas pela atual administração e até a economia do país já dá sinais de recuperação, o que facilita uma iniciativa bipartidária em favor dos imigrantes. Napolitano acrescentou que os indocumentados terão que pagar pesadas taxas, saber inglês e, principalmente, ter uma ficha limpa, sem antecedentes criminais.
Desde que o último projeto de lei sucumbiu no Congresso, a situação das fronteiras melhorou bastante: a agência federal colocou outros 20 mil agentes atuando na divisa com o México, que recebeu também mais de 600 milhas de muros e barreiras. O policiamento na fronteira com o Canadá também foi reforçado, mas a preocupação maior ainda é na parte sudoeste do país, que sofre também com o tráfico de armas e drogas promovido pelos cartéis mexicanos.

Em palestra no Centro para o Progresso Americano, Napolitano negou que as mudanças na lei de imigração dependam da aprovação de uma reforma da área de saúde. “Pode acontecer simultaneamente. O governo e os congressistas são capazes de fazer várias coisas ao mesmo tempo”, disse. De fato, há poucos dias, o senador democrata Charles Schumer, de New York, avisou que vai apresentar no Congresso, dentro de dois meses, um novo projeto que ofereça um caminho para a cidadania.

“As palavras da secretária servem como um alento para os imigrantes e para nós ativistas, pois vão impulsionar o debate em Washington DC”, espera a advogada Angela Kelley, do Centro para o Progresso Americano. Ela admite que o tema ainda é delicado, mas tem confiança de que pode ser aprovado por margem minima no Congresso. Kelley destaca o apoio à causa de empresários, grupos evangélicos e descendentes de imigrantes, que formam um grupo imenso. “Tudo poderia ser mais fácil se o governo tivesse iniciado o debate logo após a posse da nova administração”, calcula.

No entanto, como era de se esperar, os republicanos não estão convencidos de que este é o momento certo para falar sobre legalização de indocumentados. O deputado Lamar Smith, de San Antonio (Texas), considera prematuro o debate porque a fronteira ainda não está segura. “E os imigrantes em situação irregular continuam tirando os empregos dos americanos”, rebateu o republicano. A oposição à reforma vem também de alguns democratas mais conservadores e de alguns sindicatos, que têm peso no Congresso.

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