Histórico

O indomável Arnaldo Jabor

Homenageado nesta 15ª edição do Festival de Cinema Brasileiro em Miami exibe seu novo filme

A Suprema Felicidade é o nome do filme que encerra o Festival de Cinema Brasilero em Miami, neste sábado. Por trás das câmaras, está Arnaldo Jabor, cineasta polêmico, instigante e provocador, que tem em sua carreira filmes considerados clássicos da cinematografia brasileira como Toda Nudez Será Castigada e Eu Te Amo.


Mas, afinal, por que ele passou um período sabático sem brindar seus admiradores com algum filme e somente agora mostra um novo trabalho? Sua resposta é direta como um soco no estômago: Fiquei de saco cheio. Cinema no Brasil sempre foi um problema.

Pode parecer estranho que um dos cineastas mais conceituados do Brasil tenha uma visão tão desairosa sobre a produção cinematográfica nacional exatamente no momento em que todos estão celebrando o reerguimento de uma atividade que sempre foi vista como marginal dentro da cultura brasileira, vivendo a reboque das telenovelas e dos filmes americanos que dominam as salas de espetáculo.

Aí é onde reside o principal empecilho para o desenvolvimento e consolidação do cinema brasileiro, na opinião de Jabor: O maior problema é a distribuição. Todos vibram com os números de filmes produzidos no Brasil, mas a verdade é que poucos filmes brasileiros são exibidos.

A comparação feita entre as produções internacionais e as brasileiras chega a ser cruel, segundo Jabor. Os caras trazem os filmes americanos que chegam ao país cercados de expectativas e divulgação e colocam em 200 salas, daí faturam muito e remuneram os distribuidores. Quando chega a vez de umfilme brasileiro, colocam em 30 salas e duas semanas depois estão tirando sob alegação de ter fracassado comercialmente. Ou seja, sobra muito pouco para os produtores brasileiros. E é preciso entender que nem todos os filmes serão blockbuster.

Para mudar esta situação, Jabor acredita que seria necessário mudar a política do governo nesta área, ou seja, investir não apenas em produção mas sobretudo em distribuição. As propostas para reverter este quadro deficiente de distribuição, na análise do cineasta, são: Construção de mais salas de cinema voltadas para este objetivo de exibir filmes brasileiros, incentivo aos distribuidores com adicionais de renda e mudança das leis de incentivo.

Caso contrário, o cinema brasileiro não conseguirá reverter este sistema perverso que praticamente afasta os interessados em ver uma indústria de entretenimento pujante e lucrativa. É preciso quebrar este padrão de crescer e depois voltar ao fracasso, garantiu o homenageado do BRAFF.

Com relação às suas outras atividades escritor, jornalista e analista político-social -, ele foi peremptório: Adoro escrever, sempre gostei.

Crítico contumaz do governo Lula, Jabor admitiu que Dilma Roussef tem feito um trabalho mais discreto e eficiente do que o de seu antecessor, por isto não hesitou em dar um voto de confiança à presidente:Por enquanto, estou gostando da Dilma, respondeu, enquanto entrava no Colony Theatre para prestigiar a exibição do curtametragem Assim Como Ela, de autoria de Flora Diegues, filha de Cacá Diegues, outro badalado cineasta brasileiro.

Além de Suprema Felicidade, programado para este sábado à noite, a mostra paralela exibiu outros filmes de Jabor como Toda Nudez Será Castigada, Eu Sei que Vou te Amar, Tudo Bem e Eu Te Amo, na Miami Beach Cinematheque.

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