Antonio Tozzi
Como bem diz o ditado, toda moeda tem dois lados, cara e coroa. Na vida, este binômio está sempre presente. Ou seja, o vilão de hoje pode ser o herói de amanhã e vice-versa. Isto acontece porque a vida é dinâmica e, muitas vezes, nos coloca em posições adversas.
Esta introdução serve para mostrar como até mesmo algo que, em princípio, é condenável pode ter um lado positivo. Senão vejamos. É sabido que as Forças Armadas dos Estados Unidos atuam como se fossem as polícias do mundo. Muitas vezes por intromissão, outras vezes por pura defesa de seus interesses e em outras ocasiões a pedido dos aliados. Para ficarmos neste último caso, é indisfarçável o desejo de Israel e Arábia Saudita para que os EUA enviem tropas e armamentos e ataquem o Irã, algo que a administração Obama vem evitando, recorrendo ao diálogo e à diplomacia. Esta atitude lhe tem rendido críticas no plano internacional e no âmbito nacional, com os opositores chamando o governo de frouxo e de não dar respaldo a seus aliados quando eles precisam.
Mas a verdade é que os outros países sentem-se incomodados com a presença de tropa americanas estacionadas em seus territórios, uma vez que há bases americanas no Japão, Coreia do Sul, Alemanha, Itália, Turquia e em Guantánamo, em Cuba. Havia também uma base militar nas Filipinas, mas a pressão dos filipinos fez com que a base militar americana no país fosse desativada.
Aliás, vale lembrar que Filipinas funciona como uma espécie de protetorado dos EUA, uma vez que o país acabou sendo um dos botins da vitória dos EUA em sua guerra contra a Espanha: os outros foram Flórida, anexada aos EUA continental, Porto Rico, território independente mas com certos privilégios como a cidadania americana, e Guam, também na Ásia.
Pois é, após a passagem do tufão Hayan que dizimou a região de Cebu, sobretudo a cidade de Tacloban, quem foram os primeiros a chegar na região para ajudar os flagelados? Acertou quem disse as Forças Armadas americanas. Eles levaram aviões lotados de víveres e itens necessários à sobrevivência humana, além de ajudarem na manutenção da ordem e na reconstrução de locais arrasados pela força dos ventos.
Ou seja, apenas acusar os militares americanos de serem enviados do mal é uma forma vesga de ver a realidade. Obviamente, dentro de suas fileiras, há maus elementos, como foi o caso de um soldado americano que estuprou uma menina japonesa e provocou uma forte repulsa da população local.
Caso igual ocorreu com um soldado brasileiro que estuprou uma garota haitiana e também foi condenado por seu ato. Isto, no entanto, não tira a importância da missão brasileira no Haiti como a tropa da ONU.
Mesmo dentro dos Estados Unidos vários intelectuais torcem o nariz por causa desta forte presença militar nos vários cantos do mundo. Como defensores de direitos humanos e liberdades individuais, eles criticam as intervenções militares, mas se esquecem que o poderio dos EUA deriva exatamente desta presença militar. Ora, quem vai querer encarar os EUA militarmente? Seria uma guerra suicida.
Além do poder bélico, os militares americanos possuem um alto grau de sistemas de comunicação e mobilidade, como ficou provado no caso das Filipinas. Em pouco tempo, eles desembarcaram no arquipélago do sudeste asiático com aquilo que podiam para minorar o sofrimento das vítimas do tufão. Só para comparar, a China que fica ao lado não conseguiu mobilizar suas Forças Armadas com tanta rapidez para ajudar os flagelados filipinos.
Como se vê, nem sempre a presença militar em outros países pode ser maléfica.
Talvez aqueles que se empenharam pela retirada da base militar das Filipinas estejam hoje arrependidos ao ver que os “vilões” se transformaram em “heróis” quando eles mais precisaram