Histórico

Obama conclama Congresso para aprovar uma reforma imigratória

O presidente dos EUA em seu discurso sobre o Estado da Nação, na sede do Congresso em Washington, exortou os legisladores a fazer uma reforma imigratória abrangente

O mexicano Juan José Redín chegou aos Estados Unidos sem autorização em 1990, quando tinha 10 anos de idade. Hoje, é advogado em Los Angeles, depois de ser beneficiado em 2001 por uma versão estadual do Dream Act, uma iniciativa de lei que com a qual os estados oferecem quotas preferenciais de estudo aos estudantes sem residência legal, como se fossem residentes do estado.

A iniciativa abriria um caminho para estudantes sem residência legal, que tenham chegado aos EUA como menores de idade, para que recebam a cidadania americana.
Redín foi um dos convidados ontem à noite para prestigiar o discurso do presidente Barack Obama sobre o Estado da União.

O Dream Act “é uma solução ideal em todo o país. Não deveria ser um tema da esquerda a favor e da direita contra, mas infelizmente é assim”, disse Redín à agência The Associated Press horas antes de assistir ao discurso.

Obama exortou nesta terça-feira o Congresso a aprovar em 2012 o Dream Act, caso um ano eleitoral dificulte os legisladores a abordar uma reforma imigratória integral que resolva a situação de 11 milhões de imigrantes que residem nos Estados Unidos sem a devida documentação.

Ao fazer um discurso sobre o Estado da Nação dedicado quase exclusivamente a temas internos como a economia, os empregos e a educação, Obama desafiou os parlamentares ao lhes dizer: “Enviem-me uma lei que lhes dê a oportunidade de obter sua naturalização (americana). Assinarei imediatamente”.

Obama criticou também as leis imigratórias atuais que dificultam a permanência nos Estados Unidos de estrangeiros graduados em carreiras científicas, e disse: “Creio que mais do que nunca devemos abordar a reforma imigratória”.

“Por isto meu governo colocou mais efetivos na fronteira do que nunca. Por isto há menos entrada de ilegais pela fronteira do que havia quando iniciei o mandato. Os que se opõem à ação ficaram sem desculpas”, disse o mandatário democrata em clara alusão à bancada opositora republicana, que tem evitado um debate sobre a reforma imigratória ao apresentar como condição prévia o aumento da segurança fronteiriça.

Salvo algumas exceções, a maioria dos legisladores republicanos têm criticado o Dream Act por considerá-lo uma anistia imerecida a pessoas que violaram as leis americanas ao entrar no país sem a devida autorização.

O Dream Act permitiria um caminho para a naturalização aos filhos de imigrantes que vivem nos Estados Unidos sem permissão legal, caso terminem seus estudos universitários ou sirvam nas forças armadas. O projeto de lei recebeu a aprovação da Câmara Baixa em dezembro de 2010, mas não obteve os votos necessários no Senado.

Durante um debate de pré-candidatos presidenciais republicanos realizado na véspera em Tampa, Mitt Romney e Newt Gingrich se mostraram a favor de uma versão do Dream Act que beneficie somente os jovens que prestem serviço nas forças armadas, mas que exclua aqueles que cursariam estudos universitários.

Romney, que havia qualificado há duas semanas o Dream Act como uma esmola e havia ditoo que o vetaria, explicou que ao chegar à Casa Branca sua estratégia imigratória consistiria em incentivar os imigrantes não autorizados a decidir voluntariamente voltar aos seus países de origem, e afirmou que evitaria realizar deportações em massa.

Obama mencionou o Dream Act durante seu último discurso antes dos comícios nos quais buscará a reeleição, e nos quais o voto latino desempenhará um papel importante.
O Partido Republicano apresentou uma resposta em espanhol ao discurso de Obama através do representante texano Francisco Canseco, que evitou pronunciar-se sobre o tema imigratório e criticou o chefe de estado pelas dificuldades econômicas que padecem os americanos.

“O presidente não causou a crise econômica, mas foi eleito com a promessa de arrumá-la”, disse Canseco referindo-se à crise financeira de 2008. “Nós sabemos que durante os últimos três anos ele não cumpriu sua promessa, e piorou a situação. A taxa de americanos com empregos está no nível mais baixo das últimas décadas. Uma de cada cinco pessoas em idade para trabalhar e quase a metade das pessoas menores de trinta anos não foram trabalhar hoje. Quando se trata da comunidade hispânica, 11% encontram-se desempregados, uma média mais alta do que a taxa nacional”.

Leticia Miranda, assessora de política econômica do Conselho Nacional de la Raza, declarou à AP que sua organização ficou satisfeita em ouvir Obama incluir a reforma imigratória em seu chamado aos americanos para trabalhar juntos na busca de metas comuns. “A reforma imigratória não deve ser uma exceção a esta necessidade de trabalhar juntos e rechaçar as políticas divisionistas”, concluiu.

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