Histórico

Obama enfatiza a necessidade de legalizar indocumentados

Presidente dos Estados Unidos diz ser preciso encontrar uma via para reconhecer e legalizar os “sem papéis” no país, em reunião realizada na Casa Branca com parlamentares

Após o encontro ocorrido na Casa Branca, o presidente americano anunciou que sua secretária de Segurança Interna, Janet Napolitano, formará um grupo de trabalho com os líderes do Congresso para começar a trabalhar em torno de um proposta concreta que garanta a segurança na fronteira e ao mesmo tempo “reconhecer e legalizar o status dos indocumentados”.

Obama deu essas declarações ao final da reunião na Casa Branca com cerca de trinta parlamentares republicanos e democratas e membros de seu gabinete. No entanto, não forneceu nenhuma data para que haja alguma proposta consolidada. “Há um consenso de que, apesar da incapacidade se aprovar a reforma imigratória nos últimos anos, os americanos continuam desejando que seja aprovada”, reafirmou o mandatário.

As propostas de reformas imigratórias fracassaram em 2006 e 2007 no Congresso impedindo a regulamentação de cerca de 12 milhões de indocumentados nos Estados Unidos, a maior parte deles formada por pessoas de origem hispânica.

“As pessoas estão cansadas da retórica e querem uma solução real”, disse Chuck Schumer, presidente do subcomitê de imigração dentro do comitê do Poder Judiciário do Senado. “As acusações de ‘anistia, anistia, anistia’ estavam muito calorosas há dois anos. As pessoas não querem uma anistia, mas, sim, uma solução”, comentou Schumer antes de o presidente Barack Obama se reunir com legisladores dos dois partidos para tentar lançar antes do final do ano um debate nacional sobre uma reforma para as políticas de imigração.

Com Obama

O porta-voz da Casa Branca, Nick Shapiro, disse que o governo não está pronto para determinar uma data para sua proposta e pretendia que o encontro desta quinta-feira, 25 de junho, com representantes de um amplo arco ideológico seja um ponto de partida.
Dada à sensibilidade do tema e a paixão com que abordam os políticos de diferentes partidos e zonas geográficas, a ideia é que as diversas facções fechem um acordo amplo antes de levá-lo a um debate público e à votação no Congresso. Qualquer outro método poderia terminar numa decepção similar à de 2007, quando as novas leis de imigração fracassaram apesar do apoio do então presidente George W. Bush.

Schumer disse que o ambiente para a discussão é muito melhor agora porque os americanos querem uma solução e os republicanos admitem que “não irão a lugar nenhum” se não puderem melhorar sua posição entre os votantes hispânios. “Já os democratas precisam chegar a uma posição mais dura”, acrescentou.

O senador republicano revelou que tem dito aos ativistas sobre a necessidade de se atacar a imigração ilegal. “Digo ‘imigrantes ilegais’. Há dois anos, os democratas diziam ‘trabalhadores indocumentados’, o que fez com que as pessoas dissessem: ‘Talvez os democratas não acreditem que seja ruim ser um imigrante ilegal”.

Os democratas devem apoiar o presidente Barack Obama

Na última vez, o próprio Obama como senador votou a favor da reforma, assim como o republicano John McCain, seu concorrente nas recentes eleições presidenciais. “Coloco a reputação do Partido Democrata em jogo pela reforma imigratória”, assinalou sem rodeios o líder da maioria no Senado, o democrata Harry Reid.

Reid é um dos senadores que no próximo ano tentará a reeleição em seu estado natal, Nevada, onde os hispânicos, cerca de 25% da população, passaram a ser um elemento eleitoral chave.

Ao contrário de 2006 e 2007, os defensores da reforma tomaram a dianteira perante a opinião pública. Líderes religiosos e ativistas de todo o país têm realizado atos e manifestações de todo tipo na capital do país, praticamente desde que Obama assumiu o cargo. “Do ponto de vista latino, uma promesa é uma promessa. Vamos ajudá-lo a manter esta promesa”, advertiu recentemente Janet Murguía, presidente del grupo hispânico La Raza.

Milhares de faxes e e-mails inundaram os escritórios dos parlamentares nas últimas semanas, uma campanha que não passou despercebida, reconheceram fontes legislativas.

Mas a reforma, que permitiria legalizar no mínimo entre 8 e 10 milhões de hispânicos, chega num momento difícil para seus defensores, com a pior recessão em décadas. “Cada democrata num distrito eleitoral concorrido sabe que esta será a questão do próximo ano: por que votaram a favor de mais trabalhadores estrangeiros com 14 milhões de desempregados?”, criticou, nesta quarta-feira, o chefe do grupo antiimigrantes NumbersUSA, Roy Beck.

Cartão vermelho

A fim de tentar novas opções, a empresária Helen Krieble, do Colorado, está propondo a adoção do “cartão vermelho”, uma alternativa que daria aos milhões de imigrantes indocumentados uma permissão de trabalho temporária, mas sem dar direito a solicitar a cidadania.

A presidente e fundadora da Vernon K. Krieble Foundation justifica sua posição: “Somos uma organização educativa e buscamos soluções pouco convencionais que acreditamos serem simples e factíveis. Temos nos reunido com assessores dos congressistas sobre esta solução que ainda não foi colocada sobre a mesa”, explicou Krieble.

Em sua opinião, isto solucionaria a necessidade do empresariado de suprir os postos de trabalho sem serem considerados marginais e resolveria o dilema dos indocumentados que precisam de segurança para trabalhar no país.

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