Em 2008 prometeu legalizar os indocumentados, compromisso que continua pendente quatro anos depois
A menos de duas semanas da eleição presidencial de 6 de novembro, o presidente Barack Obama previu que conseguirá um acordo com os legisladores para reduzir o déficit nacional e para reformar a lei de imigração no primeiro ano de seu segundo mandato, caso seja reeleito, segundo declarações divulgadas nesta quarta-feira (24) pela Associated Press.
Os comentários do mandatário foram feitos durante uma entrevista ao jornal Des Moines Register há quatro dias, e ontem (24) o diário protestou porque foi concedida sob a condição de que não seria publicada.
A campanha do presidente, no entanto, divulgou a entrevista nesta quarta-feira.
Obama disse na entrevista ao diário de Iowa que seria direto porque se tratava de uma entrevista extra-oficial, e afirmou que se obtiver um segundo mandato, “um motivo importante” seria porque os republicanos “afastaram o grupo de maior crescimento demográfico da nação, a comunidade latina”.
Pesquisas recentes revelam que 70% dos latinos apóiam Obama contra al 30% que se inclinam por Romney. Dos poucos mais de 23 milhões de latinos registrados para votar, estima-se que no dia 6 de novembro irão às urnas 12,2 milhões. Em 2008, dos 19 milhões inscritos votaram 10,2 milhões e deles 6,7 milhões optaram pelo mandatário.
Promessa incompleta
Durante a campanha de 2008, o presidente disse que durante o primeiro ano de seu mandato empurraria uma reforma imigratória abrangente que incluiria uma via de legalização para a maioria dos 11 milhões de indocumentados que vivem no país. Mas outros debates de maior interesse nacional, entre eles a crise econômica, as guerras no Iraque e Afeganistão e a reforma da saúde, entre outros, postergaram o compromisso, apesar de que entre 2009 e 2010 os democratas controlaram as duas câmaras do Congresso, mas precisavam do apoio dos republicanos para mudar as leis de imigração.
Na eleição de meio termo de 2010, os republicanos conquistaram o controle da Câmara de Deputados e conquistaram várias cadeiras no Senado. A oposição, em bloco, reiterou que não apoiava uma reforma que desse aos indocumentados uma via para legalização, reafirmando a postura de apoio à imigração legal.
Durante a campanha atual, o candidato republicano Mitt Romney declarou que, se for eleito em novembro, apoiará a imigração legal e fechou a porta para uma possível legalização de imigrantes sem papéis, a quem se refere como ilegais.
Obama questionou durante a campanha a mudança de postura de Romney. Em janeiro, o candidato republicano advertiu que, se for eleito e o Congresso aprovar o Dream Act, vetaria a lei. Durante o segundo debate, o candidato disse que daria residência àqueles que conseguiram a proteção da Deferred Ation de Obama e incluiria aqueles que estejam servindo nas Forças Armadas.
Em 15 de junho, o governo de Obama anunciou uma Deferred Action para deter as deportações de jovens indocumentados que entraram nos Estados Unidos quando crianças e são conhecidos como dreamers. Além disto, concedeu a eles uma permissão temporária de trabalho. Romney questiona o benefício por se tratar de uma medida temporária e não permanente, mas não explicou como a substituiria e qual seria uma eventual solução permanente.
Para ser aprovada, a reforma imigratória precisa de 218 votos na Câmara de Deputados e 60 no Senado. Os republicanos insistem que não votarão a seu favor e nada garante, como em 2009, que os democratas a apoiarão em bloco. Durante as tentativas para votá-la durante o governo de Obama entre seis e oito senadores do partido do presidente eleitos por votantes que não apóiam legalizar os indocumentados não apoiaram o mandatário.