Histórico

Obama volta ao Congresso em seu discurso anual sobre o Estado da União

Suas grandes propostas de 2013 ficaram paradas na Câmara de Deputados

DA REDAÇÃO COM EFE — O presidente dos EUA, Barack Obama, abordará nesta terça-feira (28) os objetivos alcançáveis em seu sexto discurso sobre o Estado da União, um discurso no qual buscará reconduzir seu último mandato para o terreno do possível com propostas concentradas na economia e que são o centro de sua ação executiva. Entre os muros de um Congresso onde ainda ecoam suas ambiciosas promessas falidas de 2013, Obama fugirá desta vez da espetaculosidade e mostrará um pacote de medidas mais modestas mas muito esperadas pelas classes médias e baixas do país, nicho crucial de votos para os democratas, que não podem se dar ao luxo de perder o Senado nas eleições legislativas de novembro.

Depois de um frustrante 2013 no qual viu como se desvaneciam todas suas grandes propostas ao se deparar com a Câmara de Deputados, liderada por uma sólida oposição republicana, Obama está disposto a passar para a ação e por isto, desde o começo do ano, lembra o tempo todo que tem “uma caneta e um telefone” e está disposto a usá-los se o Congresso não sair de sua habitual paralisia. Este aviso será repetido hoje às 9 da noite (hora local) no Congresso em sequência ao protocolo histórico do discurso presidencial mais importante do ano nos EUA, em que descreve a situação do país, mas que sobretudo serve para marcar as prioridades e a agenda legislativa.

Obama voltará à reforma imigratória

A reforma imigratória e o endurecimento das normas para adquirir armas de fogo foram as duas propostas mais ovacionadas no ano passado e as duas ausências que mais pesam na lista de sucessos do presidente. Obama voltará à reforma imigratória, promessa pendente desde que chegou à Casa Branca em 2009, às vésperas dos republicanos da Câmara de Deputados, liderados por seu presidente, John Boehner, divulgarem um documento de princípios para negociar com os democratas.

Da mesma forma, Obama tratará de ver materializadas outras duas medidas importantes para seu propósito de lei de lutar contra a desigualdade nos EUA: aumentar o salário mínimo e melhorar os programas de educação pré-escolar, algo para o qual também precisa do apoio das duas Câmaras.

Consciente de que a polarização do Congresso pode continuar ou até mesmo ser maior em um ano de eleições legislativas, Obama anunciará medidas executivas em vários segmentos, entre eles, o desenvolvimento de infraestruturas, a formação de mão-de-obra, a mudan¬ça climática, o desemprego de longa duração e a educação.

Os republicanos responderão a Obama

Após o discurso do presidente, todos os anos um membro destacado da oposição faz uma réplica, e nesta ocasião será a vez da deputada Cathy McMorris Rodgers, a mulher republicana de maior destaque no Capitólio. Desde 2011, a ala mais conservadora do partido republicano, o movimento Tea Party, oferece sua própria réplica, que esta terça-feira terá o pronunciamento do senador de Utah Mike Lee.

Entre os convidados para o Congresso estão aqueles que integram a lista da primeira-dama e foram escolhidos porque seu trabalho marcaram uma diferença para a nação em diferentes âmbitos. Os nomes vão desde a nova diretora de General Motors, Mary Barra, até o jovem “sonhador” Cristian Ávila, que conseguiu uma excelente carreira apesar de ter de enfrentar contínuas limitações por ter chegado ao país como indocumentado quando era apenas uma criança. Também participará Carlos Arredondo, o imigrante da Costa Rica considerado um “héroi” por sua atuação nos atentados do ano passado em Boston, nos quais morreram três pessoas e mais de 280 ficaram feridas.

Como é tradição desde os tempos da guerra fria, há uma pessoa do gabinete de Obama que não estará no Congresso: é o designado como sobrevivente para continuar governando o país se ocorrer uma catástrofe no Capitólio, onde estarão reunidos os homens e mulheres mais poderosos da nação.

Seu nome é mantido em segredo até o momento do discurso e durante algumas horas recebe a proteção própria de um presidente. No ano pasado o escolhido foi o secretário de Energia, Steven Chu.

Obama tentará esquecer um 2013 difícil

O discurso desta terça-feira é crucial para um Obama em seus momentos de baixa, com uma popularidade em torno de 45 %, segundo uma sondagem da CNN e outra da ABC e The Washington Post, o que significa 10 pontos abaixo do nível de aprovação que tinha há um ano, quando iniciou seu segundo mandato. O presidente dos EUA quer começar a reconduzir nesta terça-feira os seus últimos anos na Casa Branca, para deixar um legado onde são lembradas mais as ações conseguidas do que as grandes promessas que nunca vieram a se concretizar ou ficaram abaixo das expectativas.

Obama precisa esquecer um 2013 nefasto a nível interno, com o fiasco da aplicação de sua reforma da saúde e o gritante escândalo pelos programas de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) revelados pelo ex-analista Edward Snowden. Previsivelmente Obama falará da NSA e também sobre o Irã, em particular de sua oposição a um projeto de lei que impulsiona o Senado para impor novas sanções a este país. O conflito sírio e a retirada das tropas do Afeganistão, que deve culminar no final de 2014, são outros dos temas que serão abordados, enquanto a América Latina pode voltar a ser a grande esquecida, como em anos anteriores.

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