Histórico

Oito membros do Congresso que pediam a reforma imigratória são presos

Milhares de manifestantes protestaram em frente ao Capitólio pedindo reforma urgente

Um grupo de oito membros do Congresso foi preso nesta terça-feira (8) em frente ao Capitólio em um ato de desobediência civil a favor de uma reforma imigratória integral para a legalização da população indocumentada nos Estados Unidos.

Os parlamentares, todos democratas, fizeram parte dos cerca de 200 ativistas cívicos, religiosos e comunitários que foram algemados e presos pela Polícia de Parques por bloquear o tráfego em frente ao Capitólio, em um dos momentos em que a reforma imigratória enfrenta um futuro incerto na Câmara de Deputados.

Os legisladores presos foram Luis Gutiérrez e Jan Schakowsky, ambos de Illinois, e John Lewis, da Geórgia, ativista e co-fundador do movimento dos direitos civis da década de 1960, além dos congressistas por Nova York Charles Rangel e Joe Crowley; Raúl Grijalva, do Arizona; Keith Ellison, de Minnesota; e Al Green, do Texas.

Frank Sharry, líder do grupo “America’s Voice” e um dos ativistas presos, explicou que há onze milhões de imigrantes indocumentados que “trabalham duro, fazem sacrifícios por suas famílias e fortalecem este país, mas não podem viver livremente e contribuir plenamente”.

O ato de desobediência civil foi a culminação de uma jornada de protesto para exigir que o Congresso aprove a reforma imigratória, que incluiu ainda um concerto gratuito no Mall de Washington, com os artistas Lila Downs e a banda de música nortenha mexicana Los Tigres del Norte.

Reunião eclética

Centenas de ativistas e famílias imigrantes começaram a convergir para o “Mall” de Washington DC, exigindo uma parada nas deportações dos indocumentados e uma reforma imigratória que lhes conceda a legalização.

Downs arrancou aplausos do público ao destacar que os imigrantes “são o cimento desta nação e merecem dignidade e respeito”, enquanto Los Tigres del Norte tocaram para os manifestantes temas como “Puerta negra”, “Vivan los mojados”, e “Somos más americanos”.

Luis Hernández, membro do quinteto Los Tigres del Norte, disse aos jornalistas que o grupo estava “satisfeito porque conseguimos algo importante, servindo de porta-vozes desta gente” e contribuíram para o chamado a fim de que parem as deportações.

Com slogans como “Sim se pode!” e “Se vê, se sente, o povo está presente”, e agitando bandeiras dos Estados Unidos, os ativistas começaram a encher o Mall, o parque central entre o monumento a Washington e o Capitólio.

A meta era denunciar novamente a separação das famílias imigrantes por causa das deportações e exigir que o Congresso aprove de uma vez uma reforma imigratória que legalize os onze milhões de indocumentados neste país.

Em declarações à Efe, a famosa cantora Lila Downs considerou ser necessário continuar pressionando pela reforma imigratória, especialmente depois de já ter sido aprovada pelo Senado.

“Creio que este momento é importante para os artistas fazer um chamado aos latino-americanos, aos imigrantes, para que se unam e se mobilizem para sair das sombras”, disse Downs, filha de uma mexicana e um americano. “Eu sou um produto da imigração”, disse à Noticias Univision.

Para a intérprete de temas como “Pecadora” e “Cruz de olvido”, batizada pela crítica como “o tesouro do México”, o tema da imigração tem sido importante em seu repertório e em sua vida, por ser “produto da imigração, de um pai anglo-saxão e uma mãe indígena oaxaquenha”.

Para Downs, “a música move montanhas” e é importante “continuar com muita fé a luta pela dignidade e respeito” aos imigrantes.

“Estamos muito felizes com estes artistas que são muito reconhecidos em todo o mundo e este compromisso tão grande que têm pela reforma imigratória”, disse à Efe Gustavo Torres, presidente do grupo CASA em Ação, de Maryland. “Queremos mandar esta mensagem sobre a importância de se aprovar a reforma imigratória. Estamos motivados porque pensamos que este mês é vital para a reforma imigratória, é chave para obter a dignidade para nossa comunidade”, assegurou o ativista.

Torres expressou otimismo apesar do clima hostil para a reforma imigratória no Congresso, por causa do apoio do empresariado, de grupos religiosos e de organizações cívicas, além dos atos de pressão e “mobilizações da comunidade” que, em sua opinião, finalmente surtirão efeito.

A concentração no Mall incluiu a leitura de centenas de nomes de indocumentados que faleceram em zonas desérticas da fronteira sul, e discursos de líderes democratas e republicanos do Congresso.

Entre os manifestantes, provenientes de diversos estados do país, esteve o salvadorenho José Mario Castellón, que acaba de concluir sua segunda volta de bicicleta de El Salvador aos Estados Unidos para impulsionar a reforma imigratória.

“Vi chorar as crianças na televisão porque seus pais foram deportados, e senti a necessidade de fazer algo por eles”, disse à Efe Castellón, de 45 anos e residente legal que viajou a Washington desde o Texas.

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