Histórico

Olhar a África e ver o Brasil

Mostra de Verger ajuda a entender a influência africana na Bahia

Nascido na França no início do século passado, Pierre Verger começou a se interessar por fotografia por volta dos 30 anos de idade, mas esta foi a sua maior paixão na vida. Ele viajou o mundo, acompanhado somente de sua câmera, e publicou seus trabalhos nas melhores publicações da época.

Depois de pelo menos 14 anos de intensa peregrinação por cerca de 30 países, especialmente na África, ele chegou ao Brasil por São Paulo e pelo Rio de Janeiro, onde passou alguns meses. Na então capital federal, Verger foi chamado para fornecer fotografias para matérias da revista O Cruzeiro e acabou assinando um contrato profissional que lhe permitiu continuar no país. Quando decidiu ir à Bahia de Jorge Amado, a quem conhecia do livro Jubiabá, lido anos antes em francês, seu destino estava traçado: como tinha noções da forte influência africana naquela região, ele se encantou com o projeto e foi nomeado fotógrafo de O Cruzeiro em Salvador.

O resto do mundo vivia os momentos tensos do pós-guerra, mas na Bahia tudo era tranqüilidade e ele se encantou com a riqueza cultural da região. Quando descobriu o candomblé, passou a estudar o culto aos orixás e isso acabou rendendo uma bolsa de estudos para analisar os rituais africanos, in loco. Na África recebeu o nome de Fatumbi, que significa na linguagem local “nascido de novo graças ao Ifá”. Esta época foi bastante produtiva e Verger tirou mais de duas mil fotografias sobre as tradições dos iorubás.

São exatamente algumas destas obras que o público que comparecer ao espetáculo do Brazilian Voices vai poder apreciar: uma excelente oportunidade de entender melhor o nosso país, em especial o nordeste brasileiro, a partir da influência mais forte que recebemos.

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