Histórico

Operadoras de telefonia investem no mercado de infra-estrutura para web

O setor de telecomunicações tem investido para se adaptar à “Era da internet” concentrando esforços no fornecimento de infra-estrutura para a web.

“As operadoras estão passando por um momento de grande introspecção”, disse Olli-Pekka Kallasvuo, presidente-executivo da Nokia, durante um evento para mercados de capitais organizado pela empresa.

“As operadoras, na verdade, têm se questionado se os seus ativos não são, de fato, as suas redes”, acrescentou Simon Beresford-Wylie, presidente da Nokia Networks.

Uma década depois de iniciada a “Era da internet”, está mais claro para os antigos monopólios do setor de telecomunicações que talvez eles não estejam preparados para operar em velocidade de internet.

“O modelo integrado de telefonia não funciona mais. Toda inovação vem da vanguarda da tecnologia na internet. E quem inova são outras empresas, não as operadoras de telecomunicações, são grupos como Google ou Amazon”, disse James Enck, analista da Daiwa Securities em Londres.

Nenhum dos grandes nomes da internet nasceu de uma empresa de telecomunicações tradicional –ou, aliás, de qualquer grande companhia, observou Charles Dunstone, presidente-executivo da Carphone Warehouse, (cadeia de varejo de celulares do Reino Unido), em conferência sobre telecomunicações em Londres.

Por muito tempo, as operadoras estimavam que, por controlarem a infra-estrutura que leva a internet às residências e aos escritórios, ocupavam posição ideal para controlar os serviços oferecidos via web.

“A crise existencial das operadoras de telecomunicações no questionamento sobre para que elas existem; se fornecerão apenas conectividade ou todos os demais serviços”, disse Stephen Young, analista do grupo de pesquisa de mercado Ovum.

A internet é multimídia, ou seja, as operadoras de telecomunicações que desejarem entrar na jogada terão de apostar mais, e não é barato operar como distribuidor de conteúdo para TV via web, por exemplo.

Confiança

A operadora italiana de banda larga Fastweb, seis anos depois de começar a venda de serviços de TV por rede de fibra óptica, obteve apenas 6% do faturamento com clientes residenciais com a entrega de vídeos.

Uma recente pesquisa entre operadoras, realizada pelos organizadores da conferência Telco 2.0, perguntou quão confiante está o setor sobre o futuro de suas empresas em um mundo onde todas as comunicações serão baseados sobre o Protocolo de Internet (IP).

Dos 250 executivos do setor de telecomunicações, 82% confessaram que não estão confiantes, ante os 15% que se mostraram mais otimistas. Cerca de 3% estão muito confiantes.

A maior parte dos observadores da indústria concordam que as redes são o principal trunfo dos antigos monopólios de telecomunicações. A grande questão, agora, é se as unidades de serviços terão chances de competir com empresas de mídia e de internet.

“Claro que precisamos de ajuda de pessoas de fora das telecomunicações, porque é um mundo totalmente diferente. Não estamos acostumados a comprar conteúdo, não estamos acostumados no ajuste da interface do serviço de TV e coisas desse tipo”, disse Eelco Blok, responsável pelas operações com linhas fixas da operadora holandesa KPN.

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