Histórico

Opinião: Acreditar sempre

Por Antonio Tozzi

Pois é, quando se faz a coisa certa não se deve deixar de lutar. Pude constatar isto depois de mais de dez anos de luta contra o Serviço de Imigração dos EUA, que teimava em me negar um direito que me pertencia: meu green card.

Foram anos e anos de aprovações de H1B negativas e transferências sem que ninguém tivesse a coragem de aprovar o meu processo.
Pelo contrário, um agente de imigração desinformado negou minha aprovação dizendo que eu não teria direito de ser aprovado porque não me enquadrava no Ato 245i o que nunca foi verdade porque eu tinha processo em andamento desde 1999, portanto, muito antes do então presidente Bill Clinton assinar o ato administrativo em 20 de dezembro de 2000.

A partir dessa negativa começou meu calvário. Recebi uma carta de deportação para deixar o país com minha família, em 30 dias! Como é que é? Depois de estar morando aqui por mais de dez anos, cumprindo todas as obrigações, pagando os impostos e sempre preocupado em manter meu status imigratório, fui surpreendido por esta notícia absurda.

Como vivemos na pátria dos advogados, recorri ao meu então advogado. Ele obviamente recorreu da decisão, mas a resposta foi outra negativa. Bem, restava ainda a moção de apelação. Mas o tal agente de imigração estava irredutível, e veio outra negativa. A solução foi trocar de advogado, porque entrei numa corrida contra o tempo, às vésperas das festas de fim de ano, em 2010.

O meu atual advogado interpretou a resposta e disse que o ex-advogado simplesmente não mandou as informações que o tal oficial de imigração havia pedido. Bem, outra moção de apelação e o resultado foi um pouco melhor: ele finalmente reconheceu que eu estava aqui no momento em que o presidente Clinton assinou o ato administrativo 245i, mas manteve a negativa, ao não reconhecer meu direito ao chamado grandfathering.

Nesse meio tempo, meu processo, que estava no Texas, foi enviado para Washington, de onde foi reencaminhado para o sul da Flórida para nova análise. Começou então outro jogo de empurra-empurra. O pessoal de Miami dizia que o processo havia sido enviado para West Palm Beach, minha jurisdição, e os outros afirmavam estar em Miami.

Antes, porém, de pensarmos em marcar uma entrevista chegou outra má notícia. O USCIS, em vez de se dispor a analisar o processo, subrepticiamente mandou cartas para os meus filhos comparecerem a uma corte de imigração, entrando, portanto, num processo de deportação. Isto foi em fevereiro. Ao constatar que eles estavam vinculados ao processo do pai, a juíza simplesmente os dispensou.

Veio então uma carta para minha esposa ir à corte de imigração em julho. Logo depois, chegou uma para eu comparecer à corte em março do ano passado. O juiz ouviu as duas partes e concordou que o processo deveria voltar para o Serviço de Imigração para ser analisado. O advogado do USCIS discordou. Foi então marcada nova data para setembro, apenas com a presença dos advogados, e outra em dezembro, com as mesmas pessoas. O juiz insistindo num tom conciliatório para resolver a questão. E os advogados do governo sempre negando-se a rever o processo.

Em março, o juiz chamou para si a responsabilidade e decidiu conceder ganho de causa para mim e para minha família. Entretanto, a advogada do USCIS tentou de toda a maneira desqualificar-me como profissional e obviamente apenas citou os processos nos quais fui negado. Os outros em que fui aprovado ela simplesmente esqueceu de mencionar.

E, no melhor estilo advogada de tribunal criminalista, começou uma peroração para tentar convencer o juiuz. O magistrado, impassível, desconsiderou as argumentações dela e manteve sua opinião. O que poderia terminar em final feliz ficou adiado para abril por falta de alguns documentos.

No dia 19 de abril, porém, não teve jeito. O juiz já havia tomado a decisão e a representante do USCIS aceitou as ponderações. Pudemos finalmente comemorar a decisão do juiz, que nos conferiu o status de estrangeiro com residência permanente.

Claro que comemoramos. Afinal, foram anos de muita luta, mas não se pode deixar de reconhecer a imparcialidade do juiz que entendeu perfeitamente a situação de uma pessoa que nunca cometeu nenhum tipo de delito e nunca fez algum tipo de fraude imigratória. Todos os documentos eram e são legítimos, portanto, foi o reconhecimento da verdade, que o advogado soube explicar muito bem ao magistrado.

E isto somente foi possível porque pudemos provar ao USCIS que tenho um sponsor pronto para me empregar, como é o caso do AcheiUSA. Não foi nem mesmo preciso que Jorge Nunes comparecesse à corte para servir de testemunha.

Uma coisa é certa aqui nos EUA: se você faz a coisa certa, será recompensado.

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