Histórico

Pais de João Hélio convocam vítimas da violência a pedir mudança

Elson Lopes Vieites e Rosa Cristina Fernandes Vieites, pais do menino João Hélio, 6, morto na semana passada ao ser arrastado por cerca de 7 km por ladrões que roubavam o carro da família, no Rio, convocaram nesta quarta-feira “todos aqueles que já sofreram a mesma dor que sentimos agora” a provocar uma mudança. “Ninguém mais precisa ser vítima dessa monstruosidade que ocorreu com a gente”, disse o pai.

Embora tenham falado em uma mudança na realidade do país, os pais do menino evitaram mencionar depois da missa a discussão acerca das propostas de redução da maioridade penal que ganharam força após a morte de João Hélio.

“Eu queria que toda essa solidariedade se transformasse em união, em luta, porque esse é o caminho que hoje nós estamos enxergando. Estamos muito próximos de alcançar mudanças para que, um dia, possamos ter paz. A vida que temos hoje no Rio de Janeiro não é digna para a gente nem para os nossos filhos”, disse o pai.

Já a mãe afirmou esperar por uma mudança na “consciência das autoridades”. “`Queria que` elas vissem a população como uma população que é carente de tudo.”

Já a irmã de João Hélio, Aline, 14, defendeu a redução da maioridade penal, embora tenha afirmado que ela não é a solução para a violência no país.

“Por enquanto o que eu quero é a redução. Os menores sabem que não vai acontecer nada, eles têm que ser punidos. Não podem ficar livres, não podem ficar impunes. Se foram adultos para cometer o crime, porque não é adulto para pagar”, questionou.

Nesta quarta, cerca de mil pessoas participaram de uma missa em homenagem a João Hélio na igreja da Candelária, no centro do Rio. Logo após a cerimônia, cerca de 500 pessoas saíram em passeata pela avenida Rio Branco.

Políticos

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), esteve na missa durante aproximadamente 15 minutos. Ele disse aos jornalistas que levará uma carta assinada pelas vítimas da violência do Rio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda nesta quarta, e defendeu mais uma vez que os Estados tenham autonomia para legislar.

“Cada Estado deveria discutir isso `a autonomia`, porque cada Estado tem sua realidade não só na área penal, mas em outras questões também. Chega de achar que Brasília vai resolver todas as questões. Não vai.” Na carta, as vítimas propõem a criação de comissões de bairro para fiscalizar o trabalho da polícia. “Basta de guerra, queremos paz”, afirma o documento.

Antes de deixar a igreja, Cabral ainda elogiou a “serenidade e lucidez” dos pais de João Hélio.

O secretário da Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, que também foi à missa, disse ter achado a morte de João Hélio “uma barbaridade”. “Só Deus e muita oração vão ajudar a confortar a família nesse momento.”

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