Histórico

Pais precisam falar português com seus filhos

O choque cultural pode afastar os familiares e dificultar o relacionamento entre pais e filhos

Por Dine Estela

Mudar de país não é somente mudar de endereço – ou zip code, como chamam por aqui. Estão em jogo outras dificuldades mais subliminares, como a cultura de um povo, seu modo de se vestir, agir e pensar, e que vão fazer toda a diferença na hora de expressar as palavras. Construir uma frase de trás para frente para um brasileiro é algo completamente sem sentido, já para os americanos é muito comum.

Henriette Cunha, 45 anos, mãe de um menino de seis e de uma menina de 13 anos, moradora de Pompano Beach há 10, encontrou muita dificuldade para falar o inglês, por conta do pouco tempo para estudar. “Num país onde ou você trabalha ou você não come, não dá para dormir no ponto. Tive que ‘cair dentro’ enquanto minhas crianças iam para a escola. No começo, durante uns dois ou três anos, comprei muita coisa errada no mercado porque não entendia o que estava escrito nas embalagens. Estudei em escola pública, mas não consegui pegar bem o idioma, só agora na escola particular e com mais tempo para me dedicar é que estou começando a ficar fluente na língua”, conta a carioca.

Rejane Palermo, professora de inglês, formada pela PUC no Brasil, depois de 20 anos de experiência no seu país resolveu vir para os EUA praticar a pronúncia da língua, para tentar entender como os nativos pensam. Melhorar o sotaque, até para ela, que já era professora do idioma, foi difícil. “O sotaque de um nativo é completamente diferente e carregado dos efeitos culturais do país. Para mim, foi de grande valia ter morado na casa de um americano, em Dallas, por dois anos”, admite Rejane, que já está no país há mais de 10 anos.

Dica de um brasileiro experiente

A dica de Ricardo Rocha, que já está nos EUA há oito anos, é não ter vergonha de se expressar. “Não deixe de conviver diretamente com os americanos por medo de não entendê-los, porque se forem xingados não vão entender mesmo. Fui xingado assim que cheguei aqui e na hora até agradeci. Muito depois é que foi descobrir que era uma ofensa”, conta Ricardo, aos risos.

Quanto às dificuldades de conversar com os filhos que falam inglês o dia todo na escola, o negócio é não deixar de manter o diálogo em português, porque se o filho não conseguir comunicar-se com a mãe a questão pode virar caso médico, como foi o caso da filha de Livian Carvalho, hoje com sete anos. “Minha filha ficou com depressão aos seis anos porque não conseguia entender o meu português carregado do Recife. Nessa região, a gente aprende muita gíria e temos quase um dialeto. Tive de levá-la ao psicólogo”, lembra.

A professora Rejane ensina que uma criança até os seis anos aprende mais rápido até cinco idiomas ao mesmo tempo. Portanto, se as mães utilizarem a didática de repetição da mesma palavra por três vezes consecutivas, a criança vai acabar aprendendo. Já os adultos precisam inserir a mesma palavra pelo menos dez vezes no seu vocabulário durante o dia para que seja assimilada.

Fica a dica.

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