Histórico

Partido Republicano faz Convenção Nacional em Tampa

O evento deve ratificar a escolha da chapa Mitt Romney e Paul Ryan para disputar a eleição presidencial em novembro

Antonio Tozzi

O Partido Republicano promete uma grande festa em Tampa a partir desta segunda-feira (27) para lançar oficialmente as candidaturas de Mitt Romney e Paul Ryan à presidência e à vice-presidência dos Estados Unidos. Nem mesmo a possível chegada do furacão Isaac na região do Golfo do México parece arrefecer o ânimo dos republicanos. O governador da Flórida, Rick Scott, que também é republicano afirmou que tudo está sob controle e garantiremos a segurança dos moradores e dos visitantes em Tampa.

Embora seja possível administrar as forças da natureza, não tem sido fácil gerenciar as crises internas dos próprios integrantes do partido. Os dirigentes do GOP (Great Old Party), como é conhecido o Partido Republicano, estão pressionando fortemente Todd Akin, candidato ao Senado pelo GOP no estado de Missouri para que abandone a disputa e abra espaço para a indicação de outro nome do partido que possa derrotar a senadora democrata Claire McCaskill que está tentando a reeleição.

Tudo ia bem até que Akin fez uma declaração desastrada no sentido de agradar o eleitorado mais conservador afinal, ele é o preferido do Tea Party, a ala mais radical do Partido Republicano. Indagado pela imprensa sobre sua posição contrária ao aborto, Akin extrapolou. Ele disse que nem mesmo em caso de estupros deveria ser praticado o aborto. Para justificar a afirmação, referiu-se ao estupro legítimo (seja lá o que for isto), ao dizer que nos casos de estupros raramente a mulher engravida porque seu organismo tem um mecanismo que impede a concepção. Vale dizer que Akin é engenheiro de profissão e não médico ou geneticista.

Pedido de desculpas não ajuda

Quando a declaração foi divulgada, Akin pediu desculpas às mulheres e disse ter sido mal interpretado. Isto é, ele disse que era favorável a um castigo ao estuprador, mas justificou a oposição ao aborto, dizendo que um ser inocente não pode ser punido por atos de um adulto criminoso. De nada adiantaram suas desculpas. Os dirigentes do GOP e até mesmo Romney e representantes da mídia conservadora estão pedindo a Akin que ele desista da candidatura ao Senado.

Entretanto, o homem não está disposto a abandonar a disputa, mesmo com a pressão contrária e com o anúncio de que não terá mais nenhuma ajuda financeira para sua campanha. Ele insiste que seu compromisso é com o eleitorado do Missouri e, só depois de consultar as bases, tomará uma decisão. Caso sinta falta de apoio dos eleitores, abandona; caso contrário, participará da eleição, apesar da reprovação dos líderes de seu partido.

Na verdade, Akin reflete o pensamento ultraconservador que está tomando conta do Partido Republicano, que se opõe claramente contra o aborto, condena o casamento entre pessoas do mesmo sexo, insurge-se contra a presença de imigrantes ilegais, defende o porte de armas indiscriminado e outros temas que se chocam com os pontos de vista dos democratas.

A irritação com Akin se deu porque a direção de GOP apostava nele para ganhar a cadeira de McCaskill, apontada como uma senadora muito ligada à Obama. Agora, eles estão com um pepino na mão e temerosos de perder a chance de ganhar mais uma cadeira no Senado e, assim, conquistar a maioria na Casa.

Brasileiros republicanos

Muitos brasileiros já conseguiram a cidadania americana e, portanto, podem votar normalmente nas eleições daqui. Como acontece no Brasil, alguns simpatizam mais com o discurso dos democratas, outros com o dos republicanos.

Os braso-americanos que quiserem votar e ainda não se regularizaram podem fazê-lo até o dia 5 de outubro.

Josiel Diniz é um destes brasileiros. Dono de uma pequena empresa de instalação de cortinas, o carioca nascido em Nova Iguaçu e criado em Nilópolis já é cidadão há 14 anos e tem como ídolo o ex-presidente Ronald Reagan.

Indagado porque prefere votar nos republicanos, Diniz foi categórico: A ideologia dos republicanos me agrada mais, porque olha os direitos das pessoas. E também revelou que concorda com os valores defendidos pelos republicanos, uma vez que ele é evangélico.

Com relação à propalada aversão dos republicanos aos imigrantes, Diniz contesta: Acho que neste caso os dois partidos são iguais. Os democratas tiveram o controle das duas Casas do Congresso e não aprovaram nenhuma lei em favor dos imigrantes. Só agora que o Obama fez este Dream Act dele.

Aqui vale uma observação. Na verdade, os democratas bem que tentaram aprovar uma lei em favor dos imigrantes, mas não conseguiram por terem sido vítimas das armadilhas dos republicanos com o regimento do Congresso. Esclarecendo melhor: o Senado possui cem senadores, dois por estado. Para se conseguir colocar um projeto de lei em votação é preciso conseguir o número mínimo de 60. Só então é levado a votação e aprovado por maioria simples: 50 + 1. Usando recursos regimentais, os republicanos impediram que fosse alcançado o total de 60 votos e contaram com o apoio dos chamados Blue Dogs, democratas com perfis mais conservadores.

Apesar de sua convicção republicana, Diniz admite algumas vezes já ter votado em candidatos ligados ao Partido Democrata nas eleições locais. Opto por aqueles a quem considero mais adequado para a função, afirmou o braso-americano que reconheceu ter sido o governo de Bill Clinton um dos mais prósperos para os Estados Unidos, apesar de discordar dos valores dele e dos democratas.

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