Felipe Freire afirma que a criminalidade no Rio de Janeiro não anima profissionais da área de segurança
Joselina Reis
As manifestações pelas ruas do Brasil mostraram que a população, quando quer, pode ter força, no entanto também mostraram a fragilidade da profissão de policial militar. Há poucas semanas o policial militar carioca Felipe Freire não aguentou mais a pressão das ‘ruas’ e postou um desabafo em uma página no Facebook dedicada só para brasileiros em Miami.
“Não tenho mais condições psicológicas de viver por aqui. (…) agora vivo uma ‘guerra’ não declarada entre o governo e a população e os policiais militares ficam no meio disto”, disse ele, muito triste com a realidade da sua profissão.
Procurado para falar sobre o que o motivou a ir às redes sociais em busca de um caminho para sair do Brasil, Felipe disse que a desvalorização e a falta de credibilidade dos profissionais de segurança pública por parte da sociedade têm impulsionado seu desejo de deixar o Brasil. “O meu desejo hoje é de realmente deixar o Brasil, aqui não temos oportunidades claras como nos EUA e em outros países desenvolvidos.
Na minha profissão, estando no Brasil, é preciso lavar a farda às escondidas, assim como transporta-lá evitando suspeitas para que não venha acontecer o pior”, descreveu o policial militar que anteriormente havia sido soldado do Exército por três anos.
Recentes estatísticas publicadas por jornais brasileiros mostram que os policiais militares no Rio de Janeiro têm sido um alvo constante da violência. Nas áreas pacificadas do Rio, onde foram implantadas as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), os PMs vivem em clima de vigília. Segundo uma reportagem do Extra.Globo, os tiroteios são quase diários e este ano pelo menos 24 policiais se feriram em trocas de tiros em áreas pacificadas, quase o triplo em comparação com o mesmo período de 2012 na mesma região, quando nove PMs foram baleados em confrontos sendo que quatro deles morreram.
Em média, a estatística divulgada aponta que, a cada 13 dias, um policial se feriu em áreas pacificadas neste ano. Os ataques se intensificaram em outubro, com dez PMs feridos num intervalo de 39 dias — média de um baleado a cada quatro dias.
Com esses números em mente, Felipe Freire, de 24 anos, que há três é PM no Rio quer abandonar a profissão. “Quero sair imediatamente, na primeira oportunidade!
Principalmente por que já sofri algumas ameaças onde moro, lugar onde nasci e fui criado e que se transformou em um reduto de criminosos que evadiram-se de áreas pacificadas”, afirmou.
Duas semanas depois de seu desabafo nas redes sociais, o PM desembarcava em Miami para um período de reconhecimento do estilo de vida americano e à procura de oportunidades. “Vim buscar informações mais precisas de como poderia imigrar legalmente para este país. Minha estadia aqui tem sido muito mais tranquila do que no Brasil. Saio à noite sem medo,
me sinto seguro e há um ar de conquista.
Posso trabalhar e conquistar o que quiser por aqui. Diferente do Brasil que por vezes se trabalha tanto e no fim não se consegue o que quer”.
Infelizmente, ele percebeu que a emigrar para os EUA não será assim tão fácil. “Não tenho ideia do que posso fazer legalmente por aqui, parecem que todas as portas estão fechadas e não pretendo fazer nada de ilegal. Entrei pela porta da frente e pela mesma quero
sair, com possibilidades de voltar quando quiser. Para mim o caráter não se compra, se constrói e estou construindo o meu. Além disso, não pensei só nos EUA, mas também no Canadá, Austrália e Japão”, disse ele determinado a conquistar