Franz Valla

Presidentes impopulares

Roxo de inveja porque seu colega brasileiro, Temer, está conseguindo ser mais impopular e, de quebra, ainda passar leis do seu pacote de maldades sem levar multidões às ruas, o mandante americano parte para o ataque. A entrevista que deu ao New York Times nessa semana foi um gol de placa e promete igualar o índice de aprovação ao do brasileiro. Enquanto Trump conta com 36 a 39% de aprovação, Temer já está em 7%. Desafiando as leis da estatística e matemática, querem ver quem consegue o fato inédito de ultrapassar o zero e atingir valores negativos.

Ou na verdade se o objetivo não é o de reverter protocolos e as leis do bom senso presidencial, ele está fazendo força e dando uma ajuda aos antagonistas para deixar de ser presidente. Temer, ao contrario, luta para se manter no cargo.

Na entrevista, ele se queixa do seu Attorney General, o equivalente ao nosso ministro da justiça, não se comportar como um capanga seu e recusar a depor em seu favor no inquérito sobre suas relações escusas com a Rússia. Se existe um manual a ser seguido por quem ocupa a cadeira de presidente na Casa Branca, nele deve haver uma cláusula irrevogável que aponta a natureza inequívoca e isenta da pasta. O responsável pelo departamento de justiça deve ser independente e leal ao povo americano, não ao presidente. Desde o governo Kennedy, quando Bob serviu ao irmão, ficou estabelecido que não se poderia mais nomear um parente ou alguém do seu círculo pessoal e é uma norma escrita em pedra. Na pressa, Trump interpreta que o Attorney General deve agir como seu advogado pessoal e defender seus interesses, não ao povo que serve.

Claro que a entrevista causou furor e índices de aprovação podem mudar a qualquer momento. Não somente isso, a entrevista em si serve como munição e avoluma a quantidade de evidências para que um impeachment seja aprovado em tempo recorde. Em apenas 6 meses no cargo, nenhum presidente conseguiu tanto e Trump deve estar orgulhoso. Se por um lado não satisfez as massas, pelo menos sua passagem pelo posto será lembrada nos livros de história por séculos. 

Quem está rindo à toa atualmente é Bush filho, para quem era tido como garantido o titulo de pior presidente. Ele se animou tanto que até lançou um livro e saiu por aí distribuindo autógrafos. Tudo bem que o livro não tem letrinhas, só fotos mas também isso seria exigir muito dele. Há quem sinta saudades dele. A reviravolta é tanta que ate o finado Nixon chega a parecer um grande estadista e agora ninguém lembra mais de Andrew Jackson. O décimo sétimo presidente americano era tido até recentemente como o mais impopular da historia e foi o primeiro a sofrer processo de impeachment mas hoje estampa as notas de 20 dólares. Bush e Nixon já podem estampar as suas.

Para azedar mais o caldo ainda, foi divulgado que o topetudo se encontrou a portas fechadas com o nefasto Putin durante as reuniões do G20. Os algozes especulam sobre que assunto trataram sem testemunhas e Trump nem se dá ao trabalho de minimizar o ocorrido. Está convencido de que o cargo é uma licença para fazer o que bem entender. Enquanto isso, a imprensa se ocupa só de ficar apontando seus tropeços, ate porque não há nada de bom para ressaltar. A CNN perdeu tempo contando o número de tuitadas que ele deu ate agora: Foram 991 e aponta que não aprovou nenhuma legislação. As esperanças de que ele faça bonito, fale algo que preste, não faça o povo americano passar vergonha no cenário internacional e que lidere em ações progressivas, restaurando p prestígio do posto que ocupa foram enterradas do dia da sua posse.

Enquanto isso, no Brasil, Temer, que também é chegado a mentir descaradamente, habituou-se a viajar e retornar dizendo que outros líderes se derreteram em elogios a ele. Lorotas que são prontamente apuradas e desmentidas pela imprensa. Voltou às pressas da reunião do G20, para evitar que Rodrigo Maia, seu possível sucessor, esquentasse muito a cadeira anunciando que o colega americano veio elogia-lo pelo andamento da economia brasileira. Na falta de qualquer coisa relevante ou que valesse a pena para ilustrar a visita indesejada dele na prestigiosa reunião, essa informação a imprensa nem se preocupou em apurar.

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