Depois de milhares irem às ruas pedindo reforma política, governo acena com plebiscito e pacto por mudanças
Depois da multidão de brasileiros invadir até o Palácio do Itamaraty, em Brasília, além de prefeituras e sede de governos por vários estados brasileiros, o governo federal anunciou algumas mudanças, o mesmo aconteceu no âmbito regional. Mesmo a presidente Dilma Roussef indo à TV em pronunciamento nacional afirmar que era favorável aos protestos pacíficos, mas que condenava a baderna que havia se instalado em algumas ocasiões, as manifestações não só continuaram, mas parecem terem se consolidado no País.
Em resposta às ondas de protestos, a Câmara dos Deputados derrubou a PEC 37, a proposta de emenda constitucional que tirava poderes de investigação do Ministério Público, e aprovou em regime acelerado outro projeto, o que dividia os royalties do petróleo da união entre educação (75%) e saúde (25%).
Dilma também mostrou rapidez em dar uma resposta ao povo e defendeu a criação de um plebiscito no qual o povo opinaria sobre dois assuntos “o financiamento de campanhas políticas se público ou privado e o sistema de voto se proporcional (aberto ou fechado) ou majoritário (puro ou misto). A ideia foi rechaçada pelos partidos da oposição ao governo federal que querem mais do que simplesmente a escolha entre “sim” e “não” para um problema tão polêmico.
O processo deve ser deflagrado pelo Congresso Nacional e realizado o mais rápido possível, em até 90 dias. Membros do governo afirmaram que as manifestações de rua exigem respostas e, em algumas situações, respostas rápidas. Se depender dos manifestantes, os protestos vão continuar para pressionar o governo a não esquecer as promessas. O Movimento do Passe Livre, que deflagrou os protestos em São Paulo, afirmou que não vai parar e outras manifestações devem acontecer no país.
Outra resposta de Dilma foi a proposta de criação de cinco pactos para melhorar a política no país. O assunto foi discutido em uma reunião de emergência com governadores e prefeitos e aprovado na hora. No entanto, os cinco pactos nacionais propostos pela presidente por responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, transporte e educação, não há prazo para sair do papel.
Enquanto isso, as manifestações nos estados também têm forçado mudanças locais. Em São Paulo, onde tudo começou por causa do aumento de 0,20 centavos na passagem de ônibus, os vereadores aprovaram a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara Municipal para investigar o transporte urbano; o prefeito Fernando Haddad cancelou o processo de licitação para a contratação das empresas de ônibus e anunciou uma série de medidas para melhorar o setor.
Por todo o país, os manifestantes continuam com os protestos e têm-se mantido firme em seus pedidos, o fim da corrupção, mais saúde e educação. A última ação proposta pelos manifestantes, que continuam usando as redes sociais para organizar os protestos, é uma greve geral no Brasil no dia 1º de julho.