Histórico

Quais são os critérios ideais?

Antonio Tozzi

Chega ao fim o Campeonato Brasileiro de 2013. E vem com gosto de mel para os torcedores do Cruzeiro e com gosto de fel para os fãs do Náutico e da Ponte Preta e de outros dois times cujo descenso ainda não estava definido quando escrevi este artigo.

E ficam ainda algumas dúvidas sobre quais equipes disputarão a Copa Libertadores da América – com exceção dos já classificados Atlético Mineiro (campeão do torneio), Flamengo (campeão da Copa do Brasil) e o próprio Cruzeiro (campeão brasileiro) – e para a menos valorizada Copa Sul-Americana, que tem a Ponte Preta de Campinas na final contra o Lanús e cuja definição será no dia 11 de dezembro na Argentina.

Mas, mais do que ficar relatando a ordem das equipes no campeonato, o objetivo é discutir qual a melhor forma de disputar o Campeonato Brasileiro. Muita gente critica a fórmula dos pontos corridos por achá-la modorrenta e desinteressante para os torcedores. O torneio ocupa grande parte do ano, entre maio e dezembro, e muitas vezes falta clímax porque o campeão é definido com várias rodadas de antecedência, como ocorreu este ano com o Cruzeiro.

De acordo com os críticos, isto tira a emoção do futebol, e a emoção é o componente mais importante numa competição esportiva. É preciso estar com a adrenalina a mil para que os 90 minutos do jogo se transformem no centro do universo para os jogadores, membros das comissões técnicas, árbitros, dirigentes e, sobretudo, torcedores. É durante este período que as pessoas vibram de felicidade ou caem na mais profunda depressão por causa do resultado de uma partida.

E, ainda segundo os críticos, isto é potencializado quando há partidas eliminatórias, os chamados mata-mata, onde apenas um time sobrevive enquanto o outro é eliminado. A octanagem é altíssima neste tipo de disputa, enquanto o campeonato de pontos corridos mais se parece com um cumprimento de tabela com partidas chatas e pouco atrativas para os torcedores.

Já os defensores da disputa por pontos corridos criticam a mania de fazer playoffs sempre. Na opinião deles, o sistema de pontos corridos é o mais justo e acaba premiando a equipe mais regular do campeonato com o título da competição. Ou seja, diminui-se a probabilidade de uma equipe ser eliminada de um campeonato por um mero erro de arbitragem, ou pelo fato de ter perdido seus melhores jogadores no momento decisivo ou ainda ser punida por ter jogado mal uma partida que pode comprometer a campanha inteira.

Ninguém nega que o sistema de pontos corridos seja o mais justo, nem mesmo seus críticos. O que eles alegam é que nos casos em que uma equipe se destaca e atinge seus objetivos precocemente fica desmotivada porque não há mais desafios e os treinadores acabam usando times mistos interferindo na sequência do campeonato. Traduzindo, dois times podem estar à beira do rebaixamento, mas o campeão enfrenta o time A com a equipe completa e o time B joga contra os reservas do campeão porque o campeonato já foi definido. Desse modo, pode-se cometer uma injustiça.

Os defensores do sistema não dão o braço a torcer. Para eles, cada um cuida de si. Se os outros não tiveram competência para conquistar os pontos por eles mesmos, não devem reclamar de favorecimento aos seus adversários. Além do mais, há um argumento irrefutável na visão deles: todos os principais campeonatos (leia-se campeonatos europeus) do mundo são disputados no sistema de pontos corridos.

Ainda de acordo com os defensores dos pontos corridos, o Brasil nada mais fez do que seguir o padrão europeu com o campeonato nacional disputado em pontos corridos enquanto os outros torneios são jogados no sistema eliminatório, como é o caso da Copa do Brasil, Copa Libertadores da América e Copa Sul-Americana. Além disto, os torneios disputados em mata-mata nem sempre premiam os melhores.

Eles citam os casos recentes para justificar a afirmativa: o Palmeiras venceu a Copa do Brasil no ano passado e foi rebaixado para a Série B, o Flamengo conquistou o torneio este ano e fez uma campanha pífia no Brasileirão tendo sido até mesmo ameaçado de cair, e a Ponte Preta é finalista da Copa Sul-Americana mesmo já tendo carimbado seu passaporte para a Série B do ano que vem.

Os defensores dos pontos corridos alertam ainda para outro problema, este de ordem financeira para os clubes. Se optar-se pelo sistema de playoffs, a maioria das equipes encerra suas atividades antes do fim do ano. Isto acaba causando um transtorno para os dirigentes, uma vez que eles precisam cumprir seus compromissos – pagamento de salários de atletas e funcionários, impostos e outras atribuições – e não podem faturar dinheiro porque as equipes estão inativas.

Como se vê, os dois lados têm suas razões. E você, leitor, qual a sua preferida? Particularmente sou a favor dos pontos corridos.

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