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Quatro em cada cinco pessoas nos EUA estão perto da pobreza

Quatro em cada cinco adultos dos EUA lutam contra o desemprego e estão perto da pobreza, um sinal da deterioração da segurança econômica e da fuga do sonho americano

DA REDAÇÃO — Quatro em cada cinco adultos nos Estados Unidos ficaram desempregados, perto da pobreza ou dependendo da assistência social pelo menos durante parte de sua vida, indício de uma deterioração da segurança econômica e um sonho americano difícil de alcançar.

Dados de uma pesquisa exclusiva de The Associated Press atribuem a tendência a uma economia americana cada vez mais globalizada, uma crescente brecha entre ricos e pobres e uma perda de empregos industriais bem pagos.

Os indicadores chegam em um momento em que o presidente Barack Obama tenta renovar a ênfase de seu governo na economia. Em discursos recentes, ele disse que sua máxima prioridade é “reconstruir a escada de oportunidades” e reverter a desigualdade nas receitas.

Agora que os não brancos estão perto de se converter em maioria nos Estados Unidos, surgiu a pergunta sobre como enfocar da melhor maneira os programas públicos para ajudar os menos favorecidos: na ação afirmativa que historicamente tem tratado de eliminar as barreiras raciais consideradas o principal obstáculo para a igualdade econômica, ou simplesmente na melhoria da situação socioeconômica para todos, sem importar a raça.

As dificuldades estão aumentando particularmente entre os brancos. O pessimismo entre este grupo racial sobre o futuro econômico de suas famílias encontra-se no nível máximo desde 1987. Na pesquisa mais recente da AP-GfK, 63% dos brancos consideraram que a economia “está mal”.

“Creio que vai piorar”, disse Irene Salyers, de 52 anos e moradora do condado de Buchanan, Virgínia, uma região carbonífera no vale dos Apalaches. Casada e divorciada três vezes, Salyers e seu namorado agora administram uma quitanda de frutas e verduras que não dá muito dinheiro. Vivem principalmente dos cheques governamentais por incapacidade.

“Se vai pedir trabalho não estão contratando pessoas, e de qualquer forma não pagam muito”, afirmou. As crianças, disse, “não têm nada melhor para fazer do que se meter com drogas”.

Embora as minorias raciais e étnicas tenham mais probabilidades de viver na pobreza, as disparidades raciais na taxa de pobreza foram reduzidas consideravelmente desde a década de 1970, de acordo com dados do censo. A insegurança econômica entre os brancos também está mais generalizada do que se mostra nos dados de pobreza do governo: abrange mais de 76% dos adultos da raça branca no momento de fazer 60 anos, segundo um novo indicador econômico que a Oxford University Press publicará no próximo ano.

O indicador define a “insegurança econômica” como um ano ou mais de desemprego periódico, dependência da ajuda do governo como cupons de alimentos ou renda abaixo de 150% do nível de pobreza. Ao incluir todas as raças, o risco de insegurança econômica sobe para 79%.

Os índices de casamento estão em queda em todas as raças, e o número de lares encabeçados por uma mãe branca que vivem na pobreza aumentou até o nível dos negros.

“É hora de os Estados Unidos compreender que muitas das maiores disparidades da nação, desde a educação até a esperança de vida e a pobreza, devem-se cada vez mais à posição econômica”, disse William Julius Wilson, professor de Harvard especializado no tema. Disse que apesar dos contínuos problemas econômicos, as minorias estão mais otimistas sobre o futuro depois da eleição de Barack Obama, ao contrário dos brancos.

“Existe a possibilidade real de que a situação dos brancos piore se não forem tomadas as medidas necessárias para destacar e abordar a desigualdade”, disse Wilson.

A nível nacional, o número de pobres nos Estados Unidos continua em um recorde de 46.2 milhões, ou 15% da população, devido em parte à persistência da alta taxa de desemprego após a recessão. Embora os níveis de pobreza dos negros e dos hispânicos sejam quase três vezes mais altos, em números absolutos a cara predominante da pobreza é branca.

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