Histórico

Religiosos insistem na reforma imigratória: legalização, imperativo moral nos Estados Unidos

Arcebispo católico e líder protestante dos EUA concordam haver urgência moral sobre o tema

Gerald Kicanas, arcebispo de Tucson, disse que o “atual sistema imigratório, que pode causar a separação de famílias, sofrimento e mesmo a morte, é moralmente inaceitável e deve ser reformado”. Para ele, o trabalho da Igreja no amparo aos imigrantes se baseia na crença de que cada pessoa é criada à semelhança de Deus”, afirmou Kicanas, também vice-presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos.

Richard Land, presidente da Comissão de Liberdade Religiosa e Convenção Ética Batista do Sul, destacou que sua congregação e outras denominações evangélicas “veem a imigração através das lentes de sua fé. Reconhecem um mandato bíblico para atender aos ‘forasteiros’ e para atuar com justiça e misericórdia”.

Para responder a este mandamento, Land lembrou que sua congregação se comprometeu em 2006 a “esforçar-se para atender às necessidades espirituais, emocionais e físicas de todos os imigrantes”.

Os dois líderes religiosos falaram durante uma audiência realizada pela subcomissão de Imigração, Naturalização, Refugiados, Segurança Fronteiriça e Lei Internacional da Câmara de Deputados.

A deputada democrata Zoe Logfren, presidente da comissão qualificou como “sem precedentes” a coincidência de católicos e evangélicos em sua proposta por uma reforma imigratória que inclui segurança fronteiriça, reunificação familiar e uma alternativa para regularizar a situação de cerca de 12 milhões de imigrantes indocumentados nos Estados Unidos.

Especialista contesta religiosos

Ao comparecer perante a subcomissão o especialista do Centro de Estudos para Imigração, James R. Edwards, defendeu uma postura contrária à de Kicanas e Land, e advertiu sobre os riscos de “aplicar de maneira errada os princípios bíblicos em qualquer área da política pública”. Segundo ele, “os que argumentam um imperativo bíblico para aprovar uma ‘reforma imigratória integral’ ou um projeto de lei específico patinam sobre uma fina camada de gelo”.

Para Edwards, uma reforma imigratória que permita aos indocumentados regularizar sua situação – ao pagar multas, submeter-se a uma revisão de antecedentes criminais e aprender inglês – poria em risco os americanos mais vulnerávies: minorias nativas, americanos que possuem somente educação secundária, imigrantes legais, adolescentes, ex-combatentes, inválidos e ex-presos.

Em seu primeiro discurso importante sobre o tema desde que assumiu a presidência, o presidente Barack Obama atribuiu ao palavrório político e à intervenção de interesses econômicos o pântano em que está metida a reforma das leis de imigração, mas garantiu que seu governo não adiará a tarefa de consertar o sistema. O presidente não citou datas para a reforma, por isto não está claro se as negociações começarão antes das eleições intermediárias, previstas para novembro.

Alguns legisladores, como o deputado democrata Luis Gutiérrez (Illinois), pensam ainda ser possível obter a reforma imigratória este ano: “Creio que depois das primárias republicanas no Arizona, teremos uma oportunidade de atrair alguns republicanos no Senado para que se somem aos democratas a fim de aprovar um projeto de lei”.

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