Histórico

Republicanos não querem caminho para cidadania

Líderes da oposição podem até afundar o projeto de reforma se o governo insistir em dar cidadania americana para imigrante ilegal

Raúl Labrador
Republicano Raul Labrador é contra cidadania para ilegais

O deputado federal, o republicano Raúl Labrador (Idaho) advertiu o governo federal na quinta-feira (7) que ele não vai votar uma reforma imigratória que dê caminho para a cidadania americana para imigrantes ilegais. Para dar mais suporte à sua decisão, ele ainda afirmou que conta com o apoio de seus companheiros de partido. A declaração de Labrador é vista com um péssimo sinal para a reforma, levando em consideração que ele era um dos mais entusiasmados com o projeto.

“As pessoas que chegaram aqui sabendo que estavam vindo por meios ilegais não deveriam receber cidadania”, disse Labrador ao National Public Radio (NPR). “Se você viola nossa lei conscientemente, você violou nossa soberania, eu acredito que nós poderíamos normalizar o seu estado imigratório, mas não deveríamos dar um caminho para a cidadania”, resumiu o político republicano.

Um caminho para a cidadania para os 11 milhões de indocumentados é exatamente o requisito que está levantando polêmica no Congresso e deve ser o grande entrave para a aprovação do texto da reforma. Ambos os partidos, republicano e democrata, concordam que esse requisito deve estar no projeto, e recentemente um grupo bipartidário (conhecido como a gangue dos oito) apresentou um rascunho do projeto que inclui um caminho para a cidadania. No entanto, até o presidente Barack Obama já disse que espera muita polêmica antes de uma votação definitiva.

Pesquisa

A Universidade Quinnipiac divulgou na quinta-feira (7) o resultado de uma pesquisa onde mostra que 56% dos eleitores acreditam que os imigrantes indocumentados deveriam continuar nos Estados Unidos e eventualmente ter a chance de conseguir a cidadania. No entanto, outros 10% dos que responderam à pesquisa disseram que concordam com a permanência dos ilegais, mas não querem que eles obtenham a cidadania americana. A mesma pesquisa ainda mostrou que 30% dos entrevistados querem os indocumentados fora dos Estados Unidos.

Vale lembrar que os republicanos controlam a Câmara Federal e muitos deles não querem dar o caminho para a cidadania. Raul Labrador, por exemplo, um ex-advogado de imigração, acredita que os indocumentados poderiam até ter maneiras de ficar no país legalmente, mas não aprova a cidadania americana para essas pessoas. Ele foi categórico ao dizer que, se os democratas continuarem batendo o pé com a ideia de dar cidadania para indocumentado, os republicanos vão afundar o projeto de reforma. “Se isso acontecer vai ser por questões políticas”, argumentou.

Labrador deixou a entender ainda que os democratas estariam tentando forçar a barra com um caminho para a cidadania dos indocumentados porque querem ter esse trunfo nas mãos na próxima eleição. “Eles sabem que os republicanos não vão votar em nada disso, e então eles vão dizer que nós, os republicanos, não gostamos de imigrantes. Isso não é verdade”, retrucou o deputado.

Outro republicano, Bob Goodlatte (Virginia), que comanda o Comitê de Justiça da Câmara (comissão que será responsável pela reforma imigratória), já expressou ideia semelhante à de Labrador durante uma entrevista ao jornal USA Today na mesma semana. “Quando o senador Harry Reid disse que o projeto deve incluir um caminho para a cidadania, eu me pergunto se ele realmente esta falando sério sobre a reforma”, disse Goodlatte.

No mesmo grupo de republicanos, outros têm opinião totalmente contrária sobre o mesmo tema. O republicano Darrell Issa (Califórnia) disse a repórteres na quarta-feira (6) que concorda com o plano da gangue dos oito. “Nós temos que lembrar que esses 11 milhões de indocumentados são pessoas também”, disse ele para a imprensa.

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