Histórico

Senadores dão passo importante em direção à reforma imigratória

O senador democrata Charles Schumer (foto) e o republicano Lindsey Graham retomam projeto de legalização iniciado há dois anos, e que pode ser votado ainda este ano

 Schumer

Dois senadores americanos deram um passo importante neste domingo (11) para legalizar os cerca de 11 milhões de imigrantes indocumentados que estão no país.

Desde a reeleição do presidente Barack Obama na semana passada, com a esmagadora maioria do voto hispânico, que muitos republicanos têm mostrado disposição para trabalhar em conjunto com os democratas na elaboração de uma reforma imigratória, há anos relegada ao limbo.

Numa entrevista ao programa “Meet the Press”, da rede NBC, o senador democrata Charles Schumer disse que ele e o senador republicano Lindsey Graham decidiram retomar um projeto de reforma imigratória inciado pelos dois e abandonado há dois anos.

“Acho que temos uma boa chance de aproveitar alguns esboços feitos no passado para aprovar alguma coisa ainda este ano. O Partido Republicano percebeu que ser `…` antiimigrante não é uma boa estratégia política”, disse Schumer.

Em 2010, Obama afirmou que o projeto proposto por Graham e Schumer era “promissor”, mas a iniciativa não foi adiante.

Falando ao programa “Face the Nation”, da CBS, Graham disse que o tom e a retórica de seu partido usados no assunto imigração “construíram um muro entre o Partido Republicano e a comunidade hispânica”, e reconheceu que os candidatos republicanos à presidência vêm perdendo progressivamente o apoio dos eleitores hispânicos desde 2004.

“Esta é uma fórmula ineficaz para um partido usar: eis o grupo étnico de maior crescimento demográfico do país, e nós perdemos progressivamente o seu voto a cada eleição. Isto tem que acabar. Se você der um tiro no próprio pé, a melhor coisa a fazer é não recarregar a arma. `…` Eu quero derrubar esse muro e aprovar um projeto de reforma imigratória que seja uma solução americana para um problema americano”, disse Graham.

O CAMINHO PARA A CIDADANIA

O projeto de lei de Graham e Schumer tem quatro partes: manufaturar cartões de seguro social (social security) de alta tecnologia, à prova de fraudes, de modo que trabalhadores ilegais não consigam emprego; reforçar a segurança nas fronteiras e assegurar o cumprimento das leis imigratórias; criar um sistema para aceitar trabalhadores temporários; e implementar um caminho para legalizar os imigrantes indocumentados no país.

Schumer disse que o plano contempla “um caminho para a cidadania que é bem justo, onde é necessário saber inglês, ir para o final da fila, ter um emprego e nunca ter cometido algum crime”, e acrescentou que 65% das pessoas entrevistadas nas pesquisas de boca de urna na eleição da semana passada disseram ser favoráveis a um caminho para a cidadania.

Muitos líderes republicanos têm adotado uma linha dura contra os imigrantes ilegais. O candidato derrotado por Obama, Mitt Romney, defendeu durante a campanha a ideia de que os imigrantes poderiam se “auto-deportar”, e republicanos do Arizona e de outros estados aprovaram duras leis na perseguição aos imigrantes ilegais.

Desde as eleições que algumas vozes conservadoras influentes, incluindo o comentarista político de TV Sean Hannity, anunciaram apoio para uma reforma imigratória que contemple um caminho para a cidadania para os imigrantes ilegais que não tenham histórico criminal.

“Só podemos culpar a nós mesmos pela perda do apoio hispânico, mas podemos trazê-lo de volta com um pouco de esforço da nossa parte”, disse Graham.

O líder da Câmara (House of Representatives Speaker), John Boehner, a maior figura republicana no Congresso, disse na sexta-feira que o sistema imigratório americano está quebrado e manisfestou confiança de que os republicanos possam chegar a um acordo com Obama sobre a questão.

O governo de Obama anunciou em junho um relaxamento na política de deportações, de modo que muitos jovens imigrantes ilegais que chegaram aos EUA ainda crianças pudessem permanecer aqui e trabalhar. A mudança permitiu que esses imigrantes com menos de 30 anos e que nunca tenham sido condenados por algum delito (entre outros requisitos) pudessem candidatar-se para obter permissões de trabalho.

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