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Taleban aumenta investida contra americanos, dizem EUA

Combatentes taleban estão aproveitando um recente acordo de paz com o governo do Paquistão para intensificar ataques contra as forças dos EUA e Otan

Combatentes taleban estão aproveitando um recente acordo de paz com o governo do Paquistão para intensificar dramaticamente ataques contra as forças dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no leste e sudeste do Afeganistão, disseram nesta terça-feira várias autoridades americanas.

O tenente-general Karl Eikenberry, comandante das tropas dos EUA no Afeganistão, disse em uma entrevista que os ataques do Taleban registraram um aumento de 200% em dezembro, e um oficial da inteligência militar americana afirmou que, desde que o acordo de paz entrou em vigor, em 5 de setembro, o número de ataques na região fronteiriça cresceu em 300%.

Um oficial dos serviços de inteligência dos EUA revelou pela primeira vez estatísticas relativas a todo o ano de 2006, sobre os ataques rebeldes no Afeganistão. De acordo com os dados divulgados, em 2006 houve 139 ataques suicidas, contra 27 em 2005. O número de ataques com bombas deixadas ao longo das rodovias mais do que dobrou, alcançando a marca de 1.677 no ano passado, contra 783 em 2005. O número de ataques classificados pelos militares como “diretos”, ou seja, perpetrados pelos rebeldes com o uso de pequenas armas, granadas e outros armamentos, saltou para 4.542 em 2006, contra 1.558 em 2005.

Outros oficiais acusaram militares do Paquistão de permitirem a infiltração de combatentes taleban pela fronteira.

Para o coronel Thomas Collins, porta-voz das forças dos EUA no Afeganistão, o acordo de paz paquistanês foi um tiro pela culatra. “O inimigo está aproveitando aquele acordo para lançar ataques no Afeganistão”, denunciou.

Enquanto isso, oficiais paquistaneses em Islamabad anunciaram que as Forças Armadas do Paquistão destruíram supostos esconderijos da Al-Qaeda em ataques aéreos nas proximidades da fronteira com o Afeganistão, matando dez pessoas.

A ação ocorreu em Waziristan do Sul, onde o governo firmou em setembro o controvertido acordo de paz com líderes tribais a fim de suspender as operações militares contra militantes.

Cerca de 600 integrantes da tribo Mahsud promoveram um protesto na cidade de Tank, em Waziristan do Sul, e bloquearam a principal rodovia da região por duas horas.

Eles garantiram que os ataques de helicópteros mataram três homens da tribo deles e sete trabalhadores afegãos – e que nenhum deles era ligado à Al-Qaeda. Os manifestantes gritavam slogans contra os presidentes dos EUA, George W. Bush, e do Paquistão, general Pervez Musharraf.

O tenente-coronel Eikenberry falou com um grupo de repórteres americanos que viajavam com o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, em visita ao Afeganistão. Ele está acompanhado pelo general Peter Pace, comandante do Estado-Maior Conjunto americano.

Gates expressou publicamente preocupação de que o Taleban consiga dominar regiões do Afeganistão e transformá-las novamente num abrigo seguro para terroristas. Forças dos EUA invadiram o Afeganistão em outubro de 2001 a fim de derrubar o Taleban do poder, e apesar de ganhos iniciais para estabilizar o país, o Taleban parece ter se reagrupado e retomado a iniciativa.

Segundo o tenente-coronel Eikenberry, existem quase 24 mil soldados americanos no Afeganistão – o maior número desde que começou a guerra, em 2001. Cerca de 11 mil fazem parte das forças lideradas pela Otan, que totalizam aproximadamente 31 mil soldados, provenientes de muitos países. Os demais soldados americanos trabalham em operações contra o terrorismo, e em outras ações como o treinamento do Exército afegão.

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