Histórico

Talento brasileiro em Hollywood

Gabriel Dib integra a equipe responsável pela música da nova série do canal de TV a cabo American Movie Channel

Joselina Reis

Foto: Arquivo pessoal
Gabriel Dib

O músico brasileiro Gabriel Dib só tem a comemorar em 2014. Ele integra a equipe responsável pela música da nova série da rede de TV a cabo AMC intitulada Halt and Catch Fire. A produção, ainda sem título em português, estreará em 1º de junho nos Estados Unidos. O brasileiro foi convidado pelo renomado supervisor de música Thomas Golubic (de Walking Dead e Breaking Bad) para incluir suas gravações, tocando peças de piano clássico e até uma de suas composições originais.

O retorno só veio depois de muita dedicação. Dib esperou seis meses pela primeira oportunidade como assistente de produção musical, mesmo tendo 10 anos de experiência no Brasil. Essa oportunidade só foi possível porque o ele trabalhou como assistente do renomado compositor de Hollywood Paul Haslinger.

AcheiUSA: Qual seria o caminho das pedras para um profissional brasileiro conseguir uma oportunidade em Hollywood?
Gabriel DIB: Ainda estou tentando descobrir ahahah! Não há uma fórmula para o sucesso, mas se existem caminhos, certamente é ser muito bom no que você faz, que isso será reconhecido em qualquer canto do planeta. Minha maneira de fazer a transição Brasil-EUA foi através do mestrado em música para cinema na Columbia College Chicago (MFA in film scoring). Nos dois anos que estive em Chicago, pude me acostumar com a cultura dos americanos, seus hábitos, a língua inglesa e os detalhes do dia a dia. Já o sucesso aqui, cada pequena conquista é uma parte do sucesso, desde ser aceito na Columbia até conseguir um emprego em Hollywood. Eu acho que consegui porque eu amo e sou obcecado pelo que eu faço.

AU: Quais são suas dicas para para alcançar o sucesso?
GB: Estude e trabalhe muito. Saiba escutar mais do que falar, principalmente sobre sí mesmo. Nunca assuma que você sabe tudo sobre qualquer assunto e sempre pergunte-se “por que não?” isso te leva a caminhos que você não escolheria naturalmente e pode resultar em grandes descobertas. Estude, pratique, não desista e continue trabalhando!
AU: Fale um pouco sobre seu trabalho no Brasil.
GB: No Brasil eu toquei piano em algumas bandas mas minha maior atividade foi como compositor e engenheiro de gravação e mixagem. Trabalhei para os maiores estúdios de jingles do país em centenas de projetos para as maiores empresas do país, como Itaú, Banco do Brasil, Claro, Vivo, Coca-Cola e muitas, muitas outras.

AU: Qual a diferença entre as oportunidades que você teve no Brasil e as que você está tendo nos EUA?
GB: Uma das diferenças foi a oportunidade de obter educação na área específica de música para cinema e mídias visuais, num nível de mestrado. No Brasil, até onde me lembro não há curso similar nem no nível de graduação. Não porque o brasileiro tem menos talento ou não se interessa, não há demanda de mercado que justifique a criação de tais cursos lá.
No Brasil eu comecei minha carreira nos comerciais porque o mercado de conteúdo (séries de TV e Filmes) ainda é muito pequeno em relação ao número de compositores existentes e era praticamente impossível começar a carreira vivendo de compor para filmes…porque eles não existiam!
Nos EUA o mercado é gigantesco, eu nem saberia dizer quantas vezes maior que o Brasil e isso, apesar da competição enorme, ainda aumenta as minhas chances de trabalhar.

AU: Você disse que levou seis meses para ser contratado como aprendiz, depois de uma década como profissional no Brasil, como é começar praticamente do zero?
GB: Foi muito duro. Foi difícil aceitar que aos olhos de muita gente eu não era ninguém, depois com o tempo eu entendi que não era isso, na verdade a aqui competição é muito grande e o nível médio de experiência do profissional é mais alto que no Brasil. Isso torna a entrada mais difícil, mas como eu já tinha bastante experiência, alguém finalmente notou e resolveu apostar em mim. Meu início no Brasil também não foi fácil, eu trabalhei 3 anos em áreas não relacionadas à composição musical, então acho que foi mais uma questão de ansiedade enquanto não vinha o trabalho que eu queria mais do que qualquer outra coisa.

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