Histórico

Tragédia da boate Kiss completa um ano em meio a protestos contra a impunidade

Processo na justiça está em fase inicial e os réus não têm data para serem julgados

Na segunda-feira (27), fez exatamente um ano que um incêndio na Boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, matou 242 pessoas, a maioria jovens universtiários. No aniversário da tragédia, familiares, amigos e moradores da cidade se reuniram em um protesto pedindo paz e punição aos envolvidos. Os processos contra oito réus ainda estão em andamento. Os envolvidos respondem por homicídio doloso (quando há intenção de matar) e tentativa de homicídio, falso testemunho e fraude processual.

A tragédia matou 242 pessoas, sendo a maioria por asfixia, e deixou mais de 630 feridos. O fogo teve início durante uma apresentação da banda Gurizada Fandangueira e se espalhou rapidamente pela casa noturna.

O local tinha capacidade para 691 pessoas, mas a suspeita é que mais de 800 estivessem no interior do estabelecimento. Os principais fatores que contribuíram para a tragédia, segundo a polícia, foram: o material empregado para isolamento acústico (espuma irregular), uso de sinalizador em ambiente fechado, saída única, indício de superlotação, falhas no extintor e exaustão de ar inadequada.

Atualmente, a Justiça está em fase de recolher depoimentos dos sobreviventes da tragédia. O próximo passo será ouvir testemunhas. Os réus serão os últimos a falar sobre o incêndio ao juiz. Quando essa fase for finalizada, o juiz do caso deverá fazer a pronúncia, que é considerada uma etapa intermediária do processo.

Se o magistrado “pronunciar” o réu, ele vai a júri (a pronúncia é a ordem para ir a júri). Outra possibilidade é a chamada desclassificação, quando o juiz não manda o réu para júri, mas reconhece que houve algum tipo de crime. Nesse caso, a causa será julgada sem júri. Também existe a chance de absolvição sumária dos réus. Em todas as hipóteses, cabe recurso.
Novos tratamentos

A complexidade dos ferimentos de sobreviventes da tragédia da Boate Kiss levou profissionais da saúde a desenvolver novas formas de tratamento. O incêndio motivou a criação de um centro no Hospital Universitário de Santa Maria para atender vítimas de tragédias como a da Kiss. Na época a equipe médica do hospital avaliou mais de 800 pessoas.

Para cuidar dos pulmões intoxicados, os médicos aprenderam a usar um antídoto que veio dos Estados Unidos. Também foi preciso cuidar dos queimados, com uma inovação no tratamento. Usando ventosas, para criar vácuo, os fisioterapeutas conseguiram descolar a pele e melhorar tanto a circulação, quanto a movimentação dos pacientes. Até agora, não existia registro de utilização dessa técnica da medicina chinesa em queimaduras.

Segundos os médicos, graças a esse procedimento, alguns casos não precisaram de cirurgia plástica. Resultados de tratamentos como este já renderam oito pesquisas científicas. Duas foram apresentadas em encontros internacionais de medicina. Todos os trabalhos serão publicados em um livro.

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